O ministro dos Transportes de Angola, Ricardo d’Abreu Viegas, defendeu que a transformação estrutural de África “exige infraestruturas resilientes, inclusivas e sustentáveis que catalisem o crescimento económico, a criação de riqueza, a empregabilidade da maior da maior população jovem do planeta, a integração regional e a coesão social”.
O ministro angolano, que falava na abertura do painel do Eurafrican Forum
2025 com o tema “Resiliência de Infraestruturas – Preparação para desafios
climáticos e geopolíticos”, que decorre em Lisboa, alertou que “África está a
mudar e Angola está a mudar com África e com o mundo também. Mas acima de tudo
África tem de conseguir transformar o seu tão falado potencial em factos
concretos e objetivos de uma agenda de progresso”.
Nesta agenda para o progresso, o governante destacou que “Angola tem vindo
a implementar um conjunto de reformas estruturais importantes e determinantes
da gestão da coisa pública, do primado da lei onde a justiça e equidade sejam
fatores que solidifiquem a nossa jovem democracia”.
No campo macroeconómico, Ricardo Viegas d’Abreu lembrou que “cada vez mais
percebemos que a diversificação da nossa rica e fértil economia é o fator
determinante para o sucesso e o progresso”.
No setor dos transportes e logística, destacou que “levámos a cabo
profundas transformações com impacto direto na conectividade nacional, na
mobilidade regional e no posicionamento estratégico do nosso país nas cadeias
logísticas globais”. O governante angolano assumiu que “estamos a transformar
corredores logísticos em corredores de oportunidades. E não falamos de projetos
em papel falamos de investimentos com números, com obras no terreno e com
impacto na vida de milhões de cidadãos”.
E para provar essa transformação detalhou alguns exemplos concretos que
estão no terreno como o Corredor do Lobito a infraestrutura ferroviária de mais
de 1300 quilómetros que liga o litoral Atlântico angolano à República
Democrática do Congo e a Zâmbia. O titular da Pasta dos Transportes lembrou que
“foi concessionado à Lobito Atlântico Railway, uma parceria Internacional
composta por operadores ferroviários, investidores estratégicos que representa
um investimento superior a mil milhões de dólares americanos. Este corredor vai
poder transformar o comércio regional e posicionar Angola como plataforma
logística estratégica na África Austral”
Outro exemplo é “a reabilitação e expansão do Porto do Namibe ligada à
linha ferroviária de Moçâmedes ao Menongue que é outro eixo essencial à
conectividade que ligará com eficiência e segurança o interior agrícola e
mineiro do país na economia global”.
O novo Aeroporto Internacional António Agostinho Neto “com capacidade para
15 milhões de passageiros e expansão para 60 milhões anuais na sua fase inicial
e na sua fase de crescimento posicionar-se-á com um hub regional para aviação
para africana e ponte aérea natural para a Europa, América Latina e a Ásia”.
O Terminal de Águas Profundas do Caio, em Cabinda, é outro exemplo, sendo
que, está interligado por ferrovia aos seus dois países vizinhos. Assim como, a
primeira zona Franca do país na Barra do Dande que “hoje já estabelece
parcerias para redefinir o triângulo Atlântico que compreende África a partir
de Angola e do Dande à Europa em Sines e no Brasil com base na iniciativa
europeia Global Gateway Initiative”.
Ricardo Viegas d’Abreu realçou que “estes projetos não se limitam à
dimensão física das obras. São instrumentos de coesão territorial bem inclusão
social e da diversificação económica são ferramentas de transformação”.
O governante avançou ainda que “em breve lançaremos os concursos públicos
internacionais para a concessão dos Corredores Norte e Sul. Dois eixos
logísticos estratégicos que vão reforçar a integração com os mercados vizinhos
e permitir escoar com eficiência a produção agrícola, mineira e industrial do
interior do nosso país”.
O governante voltou a destacar o Terminal de Águas Profundas do Caio na
província de Cabinda como sendo uma “obra infraestruturante e de valor estratégico
que abrirá um novo acesso marítimo para a região norte reforçando o papel
logístico industrial e comercial de Cabinda e promovendo de forma concreta a
coesão territorial e a integração regional”.
Ricardo Viegas d’Abreu não deixou de referir que “quando o Estado cria um
ambiente favorável, um ambiente institucional claro estável transparente e
atrativo o investimento privado responde com eficácia e resultados”. E disse
que os exemplos implementados em Angola “são a prova de que o investimento
privado quando enquadrado por políticas públicas responsáveis é um motor
poderoso de transformação estrutural e resiliência”. E que hoje o país projeta
infraestruturas que têm de “ser resilientes, adaptadas às novas ameaças
climáticas, aos choques geopolíticos e às exigências ambientais. Não basta
construir é preciso planear com inteligência, projetar com responsabilidade e
operar com sustentabilidade”.
Para concluir sublinhou que para que as “infraestruturas sejam
verdadeiramente transformadoras precisam de estar inseridas em redes regionais,
integradas em visões continentais e articuladas com parceiros internacionais. E
é aqui que o papel da Europa e de plataformas como o Eurafrican Forum se torna
determinante. A parceria euro-africana deve evoluir de uma lógica de ajuda para
uma lógica de investimento estratégico mútuo”. Isto porque “devemos construir
juntos projetos que tenham retorno económico social e ambiental. Devemos
partilhar riscos, mas também colher juntos os frutos do desenvolvimento”.
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