O Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve dois cidadãos russos, identificados como Ígor Racthin, 38 anos, e Lev Lakshtanov, 64 anos, acusados de integrarem uma rede internacional ligada à organização África Politology, suspeita de promover campanhas de desinformação, manipulação mediática e infiltração em processos políticos em Angola.
As detenções ocorreram no âmbito de um processo-crime que já tinha levado à prisão de três cidadãos nacionais. Em cumprimento de mandados emitidos pelo Ministério Público, os dois russos e outros dois angolanos — Amor Carlos Tomé, 38 anos, e Oliveira Francisco, 32 anos — foram presentes a um juiz de garantias, que lhes aplicou prisão preventiva.
Segundo o SIC, os suspeitos enfrentam acusações de associação criminosa, falsificação de documentos, introdução ilícita de moeda estrangeira no país, terrorismo e financiamento ao terrorismo. Outro arguido, o cidadão nacional Caetano Agostinho Muhongo Capitão, 58 anos, foi libertado sob termo de identidade e residência.
Rede de influência e corrupção mediática
As investigações indicam que África Politology não se limita à propaganda
digital e à difusão de notícias falsas. A organização é suspeita de financiar
manifestações encenadas, corromper jornalistas locais e moldar a narrativa
pública a favor de interesses estratégicos estrangeiros.
De acordo com o SIC, os dois russos terão distribuído “avultadas somas de
dinheiro, em moeda nacional e estrangeira” a jornalistas, políticos,
associações profissionais e produtores de conteúdos digitais, como parte de uma
estratégia de subversão interna.
Na posse dos detidos, as autoridades apreenderam computadores, telemóveis,
cartões SIM, pen drives, documentos (incluindo alguns codificados) e quantias
significativas em moeda nacional e estrangeira.
O SIC afirma que, com esta operação, foram frustradas manifestações que
estavam previstas para as províncias de Luanda e Benguela. A missão diplomática
russa foi notificada sobre as detenções pelo Ministério das Relações
Exteriores.
Investigações continuam
O superintendente-chefe Manuel Halaiwa, diretor do SIC, garantiu que as
diligências prosseguem “visando a detenção de outros suspeitos e o
esclarecimento total dos crimes”.
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