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Gestão eficiente da injecção de químicos: Pilar estratégico Para sustentabilidade e maximização da produção nas operações Petrolíferas em Angola

Angola continua a ser um dos principais produtores de petróleo em África.

À medida que os campos petrolíferos amadurecem, novos campos se perspectivam entrar em produção e os desafios técnicos intensificam-se.

A eficiência operacional torna-se cada vez mais dependente da aplicação criteriosa de  tecnologias e de práticas sustentáveis. A injecção de químicos, especializados e conformes, é essencial para o desempenho seguro e eficaz das operações de upstream.

O Engenheiro Químico com conhecimento técnico, experiência e visão sistémica, tem um  papel central neste processo de transição para operações mais limpas, eficientes e sustentáveis 

Este artigo apresenta uma análise técnica e estratégica do papel dos químicos nos sistemas de produção, realçando a importância de um plano técnico robusto de injecção, bem como a definição de

métricas e indicadores-chave de desempenho (KPIs) que sustentem uma gestão orientada para a eficiência, responsabilidade ambiental e longevidade dos activos.

Palavras-chave: Injeção de químicos, sustentabilidade, operações petrolíferas, Angola, conteúdo local, eficiência

operacional, impactos ambientais, regulamento de descargas.

A BRIMONT, empresa em que trabalho, é uma empresa angolana com actuação

multidisciplinar no sector de químicos, especialmente em operações de upstream petrolífero, onde a injecção de químicos é crítica para o desempenho e segurança da produção.

Um desafio comum que partilha com as empresas de igual vocação, na sua maioria multinacionais amplamente reconhecidas no sector de Petróleo & Gás é o contributo para o amplo conhecimento de todos os intervenientes na produção e desconstruir a percepção equivocada de que “as empresas de químicos querem que se injecte mais para vender mais.

 Esta afirmação parte de um entendimento simplificado (e até perigoso) do papel dos químicos de produção no upstream.

A realidade é que uma injecção química ineficiente, exagerada ou descontrolada compromete a integridade da operação e das instalações, encarece o processo e gera riscos ambientais e de reputação  afectando tanto o operador como o prestador de serviços.

O objectivo não é injectar mais, é injectar melhor!A injecção de químicos no upstream é uma ferramenta de controlo de risco e optimização de produção.

O seu valor, resultado de conhecimento acumulado de especialistas, está na

precisão da dosagem, na adequação à condição operacional, e no monitoramento contínuo da eficácia.

Injectar a mais pode provocar:

• Incompatibilidades químicas (ex: emulsões, formação de sólidos);

• Acumulação de resíduos e bloqueios no sistema;

• Aumento injustificado dos custos operacionais;

• Desalinhamento com os regulamentos de descargas e ambiente.

Injectar a menos compromete:

• A integridade dos activos (corrosão acelerada, incrustações);

• A eficiência de escoamento;

• A qualidade do petróleo produzido;

• A continuidade da produção (paragens por falhas evitáveis).

Portanto, o sucesso de um programa químico não se mede pelo volume injectado, mas sim pela sua eficácia e eficiência.

O Modelo Integrado de Gestão Química (MIGQ), que combina o procurement estratégico, a fabricação local e a prestação contínua de serviços técnicos especializados, tem-se afirmado

como a solução da BRIMONT para abordagem ao mercado.

Este modelo permite uma abordagem holística, integrada e progressiva à gestão da injecção de químicos, favorecendo a optimização contínua dos recursos e das operações.

A sua aplicação viabiliza o desenvolvimento de formulações específicas para as condições

de cada campo, a racionalização do portfólio de produtos utilizados e a simplificação dos sistemas de injecção, o que se traduz numa redução efectiva do número de injectores e circuitos em funcionamento.

Sempre que tecnicamente justificável, possibilita ainda a substituição da injecção contínua por estratégias de batch injection e a utilização de produtos de maior performance a menores dosagens, promovendo um melhor equilíbrio entre custo benefício e impacto ambiental.

Em diversas operações por nós conduzidas em campos maduros em Angola, operando segundo este modelo, foi possível alcançar reduções entre 15% e 30% no consumo total de químicos, mantendo e, em muitos casos melhorando, os resultados técnicos esperados.

Tais ganhos decorreram de ajustes finos nas formulações, redefinição das concentrações de aplicação e da implementação de sistemas de monitoramento operacional mais robustos.

Destacam-se, nesse contexto, os mecanismos de re-controlo de qualidade dos produtos antes da injecção (cruciais no contexto de uma logística complexa com condições de armazenamento desafiantes), bem como a monitorização da presença residual de químicos

pós-injecção para aferição de eficácia e ajuste fino das dosagens.

É dentro deste quadro técnico e estratégico que empresas com actuação multidisciplinar como a nossa são reconhecidas e mantidas pelos Operadores como parceiras de longo

prazo.

Acreditamos que o nosso valor não reside na quantidade de produto fornecido, mas sim na nossa capacidade comprovada de contribuir para a redução do OPEX, para o cumprimento rigoroso da legislação ambiental, para a mitigação de falhas técnicas e para a melhoria sustentável da performance de produção.

Os KPIs da indústria confirmam: injectar melhor é preferível a injectar mais

No sector petrolífero, a eficiência dos programas químicos é avaliada com base em indicadores técnicos e económicos que reforçam esta mesma lógica.

A eficiência da injecção química deve manter-se sistematicamente acima dos 95%, garantindo cobertura eficaz dos

pontos críticos do sistema.

Outro KPI amplamente utilizado é o custo de químicos por barril produzido, idealmente situado entre 0,30 e 0,70 USD/bbl, intervalo que reflecte uma injecção técnica e economicamente optimizada. Além disso, a taxa de falhas operacionais associadas a fenómenos como corrosão, incrustações ou contaminação microbiológica deve, segundo as melhores práticas, tender a zero (0) num horizonte trimestral.

Estes indicadores valorizam a eficácia e o controlo técnico, e não o volume injectado.

Excedê-los não representa sucesso – é sinal de ineficiência.

Na BRIMONT, a nossa missão, enquanto empresa angolana com competências que abrangem desde o procurement até à fabricação local e ao apoio técnico no terreno, é clara: optimizar a utilização de químicos com base na ciência, na engenharia e num profundo conhecimento do contexto operacional nacional. Não promovemos volumes desnecessários – promovemos soluções eficazes, seguras e sustentáveis, cuidadosamente ajustadas à

realidade de cada operação.

Conclusão: injectar mais não significa injectar melhor, e compromete tanto o operador como o fornecedor.

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