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Carta aberta para Sua Excelência PR João Lourenço - Joaquim Nafoia

Na manhã de sábado, 26 de Julho de 2025, estava entretido a tratar e apreciar as lindas plantas do meu jardim, quando de repente toca o telefone a notificar a entrada de uma mensagem de alguém que, por hábito, atendo com prioridade.

Abri a mensagem e qual não foi o meu espanto: confrontei-me com a notícia que acabou por perturbar-me o dia que havia começado muitíssimo bem. Exactamente porque o teor da mesma indicava que o meu nome constava da lista das personalidades a serem condecoradas pelo Presidente da República na 5ª cerimónia de condecorações, no quadro das comemorações dos 50 anos de Independência Nacional, na Classe Paz e Desenvolvimento.

Entretanto, num ápice, analisado o anúncio da condecoração, e sendo eu filho do nobre e humilde Povo, conclui que a intenção da dita condecoração, o gesto em si no meu caso, constitui uma afronta à minha inteligência e à integridade ético-moral do Povo que represento enquanto Deputado na Assembleia Nacional.

1. Deste modo, declaro que rejeito categoricamente receber a referida medalha das mãos de um Presidente da República com as mãos manchadas com a tinta de sangue que, enquanto Comandante-em-Chefe, se dignou ordenar as forças de defesa e segurança à assassinar dezenas de cidadãos nos dias 28, 29 e 30 de Agosto em decorrência da greve dos taxistas no país;

2. Não aceito receber medalha das mãos de um Presidente que enquanto Comandante-em-Chefe, ordenou as forças de defesa e segurança à assassinar dezenas de cidadãos Lundas no dia 30 de Janeiro de 2021, no Município de Cafunfo, Lunda-Norte, Província de que só natural;

3. Recuso-me a receber a medalha das mãos de um Presidente da República cujo espírito e comportamento é notoriamente intolerante e beligerante;

4. Rejeito receber a medalha das mãos de um Presidente da República, cujo regime transformou as Lundas, minha terra natal, em campo de concentração – tornando a região na maior prisão a céu aberto de Angola, na qual o Povo é morto todos os dias ao praticar a agricultura, a caça, a pesca e o garimpo de diamantes;

5. Rejeito receber a medalha das mãos de um Presidente da República, cujo regime cércea as liberdades individuais e colectivas, promove e comanda a corrupção, assassinatos selectivos, prisões arbitrárias, repressão, raptos e tortura de cidadãos que se manifestam.

6. Enquanto Membro do Comité Permanente e da Comissão Política da UNITA, recuso-me, terminantemente, a aceitar a medalha das mãos de quem dirige e ordena ataques, por via da CIVICOP, contra a honra, dignidade e memória do Presidente-fundador da UNITA, Dr. Jonas Malheiro Savimbi, bem como o combate, até à exaustão, contra a UNITA e o seu Líder Eng. Adalberto Costa Júnior;

7. Não aceito receber essa medalha envolvido num “mix” de feiticeiros, assassinos, corruptos, mentirosos, intriguistas e bajuladores.
A dignidade e a honra não têm preço. Por isso, são valores inalienáveis!

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