O presidente do Partido Liberal, Luís de Castro, lançou um forte apelo à reforma da Polícia Nacional, defendendo que os agentes devem ser “libertados” de uma estrutura que, segundo ele, os transforma em instrumentos de repressão a serviço de uma elite política.
“É chegado o momento de libertarmos os nossos irmãos da farda”, declarou o líder partidário, num comunicado divulgado este domingo, em reação aos confrontos violentos entre forças de segurança e manifestantes que protestavam contra o aumento do preço dos combustíveis.
Luís de Castro considera que muitos dos agentes “também estão aprisionados”, uma vez que são obrigados a cumprir ordens superiores, mesmo quando estas “ferem o povo”, para garantir “míseros salários e a sobrevivência de suas famílias”.
“A polícia que se quer republicana, a serviço da nação, não pode ser instrumento de repressão, mas sim uma construção coletiva, feita para proteger todos e não para defender os privilégios de uma elite dirigente”, sublinhou.
O dirigente liberal alertou ainda para a necessidade de humanizar as forças de segurança, destacando que, tal como o cidadão comum, os agentes sofrem com “miséria, desigualdade e abandono”, mas diferem porque “são obrigados a cumprir ordens que não escolhem” para salvaguardar interesses de altos responsáveis governamentais.
“Chegou o momento para trazê-la [a polícia] de volta ao lado do povo. Para que a farda volte a significar proteção, não repressão. Para que os nossos irmãos deixem de ser instrumentos do medo e passem a ser construtores da paz e da justiça”, concluiu Luís de Castro.
O pronunciamento surge num momento de crescente tensão social no país, após a subida do preço dos combustíveis ter desencadeado protestos em várias províncias. Organizações da sociedade civil e partidos da oposição acusam o governo de usar a Polícia Nacional como braço repressivo para silenciar o descontentamento popular.
Até ao momento, não houve reação oficial do Ministério do Interior nem do
Comando-Geral da Polícia Nacional às declarações do líder do Partido Liberal.
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