O governo de Angola, sustentado pelo MPLA, enquanto organização política, que se arroga velar pela melhoria das condições de vida e bem-estar das populações, o seu desempenho económico tem-se colocado em sentido contrário dos desígnios eleitoralistas que o mesmo propugna. Essas declarações foram feitas durante a conferência de imprensa realizada na última quinta-feira (17) de Julho numa das unidades hoteleiras em Luanda orientada pelo Presidente em exercício do Partido PALMA - NOVA ANGOLA.
Por: João Afonso
Ao dirigir-se aos
jornalistas, Manuel Fernandes disse que a justificativa, segundo a qual,
deve-se reduzir ou eliminar com as subvenções em quase todos os sectores que
impactam a vida social e económica do país, e assim satisfazer as agendas de
instituições financeiras internacionais, tais como o FMI e o Banco Mundial, nem
sempre são movidas com a necessária lucidez e transparência, em nome da chamada
consolidação fiscal.
“Hoje, reunimo-nos para falar de um assunto que aflige o
quotidiano do angolano, nomeadamente: o recente aumento do preço do gasóleo e
consequente o reajuste para cima do preço dos transportes públicos colectivos.
Esta decisão, embora apresentada como medida de racionalização fiscal, tem
profundas repercussões sociais na vida dos cidadãos.
Não se trata apenas de
um dado técnico ou de uma opção de política macroeconómica. Trata-se, sim, de
uma escolha política com efeitos reais, imediatos e dolorosos sobre as
famílias, trabalhadores, estudantes, empresários, reformados, antigos
combatentes, dentre outros “esclareceu o político. O Presidente do Partido
PALMA- NOVA ANGOLA explicou que se registaram nas últimas semanas dois choques
negativos sobre a oferta, reflectindo a falta de previsibilidade e estabilidade
da economia nacional, muito referenciada por analistas e agências de Ratings de
risco de crédito internacionais, que vieram ainda mais abalar o mercado
interno, que sofre de uma inflação acentuada.
Manuel Fernandes referiu-se igualmente sobre as últimas
manifestações onde o povo demonstrou a sua recusa ao programa idealizado pelo
partido governante, augurando o não aumento do preço do combustível tendo
reconhecido a coragem dos manifestantes uma vez que o povo sublinhou o politico
é detentor primário do poder, diante das adversidades conjunturais que
infligiam pesadas torturas físicas e psicológicas, acompanhadas de pressões
intimidatórias, por formas a remeter ao silêncio, aqueles que suportam sem
meios de sobrevivência, os desaires dos custos das medidas económicas do
governo.
Nesta senda, adiantou Manuel Fernandes “o PALMA-NOVA ANGOLA e
outros partidos integrantes da CASA-CE manifestam solidariedade e apoio a está
causa justa do povo angolano. O nosso entrevistado baseou - se ainda do ponto
de vista da teoria económica, dizendo que tais choques, designados como efeitos
negativos sobre a curva da oferta, se analisadas sob perspectiva de promoção da
eficiência e competitividade do mercado, tidas tecnicamente como razoáveis,
podem ser abordadas nos seguintes termos: “Tais medidas podem ser justificadas
pela necessidade de se promover a eficiência económica e a competitividade dos
mercados.
Neste contexto, a eficiência traduz-se na capacidade do
Estado em alinhar as suas receitas públicas às despesas, de forma sustentável,
sem comprometer a estabilidade da dívida pública. Portanto, consiste em
garantir uma gestão orçamental equilibrada, em que o financiamento das
políticas públicas, seja feito com racionalidade fiscal e sem gerar pressões
excessivas sobre as finanças do Estado”.
O número um do PALMA - NOVA ANGOLA disse ainda que a
intervenção governamental excessiva, especialmente sob a forma de apoios
directos aos preços ou à produção, pode comprometer a alocação eficiente de
recursos e desincentivar a melhoria contínua da produtividade.
Manuel Fernandes
recorreu a tese dos Liberais para dizer que um mercado livre, com mínima
interferência directa do Estado (embora com regulação eficaz), é mais propenso
a gerar competitividade real, promover o progresso tecnológico, estimular a
inovação e ao longo prazo, criar melhores condições de vida e bem-estar para a
população.
O Político que
concentrou o seu discurso sobre a economia do país deu a conhecer mediante um
estudo a curto, médio e longo prazo que o aumento do preço do combustível
(gasóleo) representa uma medida de impacto imediato sobre os custos de produção
e transporte, afectando directamente os sectores da agricultura, indústria e
logística.
No curto prazo, de
acordo com o modelo económico AS-AD, esclareceu o politico o aumento do preço
do combustível (gasóleo) irá aumentar os custos de produção. As empresas
reagirão aumentando os preços para manter as margens de lucro. Isso segundo o
nosso entrevistado provocará um aumento do nível de preços (inflação), queda do
produto real (PIB real), aumento do desemprego e uma queda dos salários reais
(se os salários nominais não se ajustarem rapidamente). Ao médio prazo,
prosseguiu Manuel Fernandes os salários nominais começarão a ajustar-se. Os
trabalhadores percebem a perda de poder de compra e exigirão aumentos
salariais.
As empresas, enfrentando maiores custos salariais, irão
manter os preços elevados ou aumentarão ainda mais os preços. Isso pode levar a
um processo de espiral preços - salários, especialmente se não houver resposta
da política monetária ou fiscal, queixou - se. Ao longo prazo, a economia
tenderá a regressar ao produto potencial de longo prazo conforme os preços e
salários se ajustam completamente.
Contudo, o nível de preços (inflação) será mais alto do que
antes do choque na oferta. Naturalmente os efeitos de médio e longo prazo são
relevantes para efeitos de projecções económicas. Contudo, os impactos
sócio-económicos de curto prazo são ainda mais relevantes para a famílias e as
empresas, visto que os agentes económicos têm necessidades imediatas a serem
supridas, concluiu.
De acordo com o
Presidente do PALMA, numa perspectiva
sócio-económica um aumento do preço do combustível (gasóleo), um input
essencial para o processo produtivo, irá provocar efeitos em cascata nos outros
sectores da economia nacional, por via de um aumento dos custos de produção.
Como as empresas não absorvem custos, repassam para o mercado
nos preços dos bens e serviços finais, alimentando assim a inflação em toda
economia e provocando uma redução acentuada do poder de compra das famílias.
“ESTADO OFERECE COM A MÃO DIREITA E RETIRA COM A OUTRA”Em termos práticos,
afirmou o Político qualquer aumento fortuito na base salarial, torna-se inócuo,
quando é imediatamente absorvido por uma inflação acentuada ou por uma maior
carga fiscal.
Esta dinâmica contraditória equivale a uma redistribuição
ineficaz do rendimento nacional, onde o Estado oferece com a mão direita e
retira com a outra. Assim, sem políticas compensatórias adequadas, as condições
socioeconómicas das famílias angolanas continuarão a deteriorar-se, perpetuando
o ciclo de vulnerabilidade e exclusão social.
Contudo, apesar desta medida ser considerada tecnicamente
necessária por uma corrente de pensamento económico reconheceu o responsável do
PALMA, ainda assim “ o Estado angolano tem, de forma recorrente, demonstrado
ser um mau gestor dos recursos públicos e um ineficiente provedor do interesse
colectivo.
No entanto, independentemente do volume das receitas
arrecadadas ao longo da história das finanças públicas nacionais, o Estado
angolano tem, de forma recorrente, demonstrado ser um mau gestor dos recursos
públicos e um ineficiente provedor do interesse colectivo. “O mesmo partido
defende que essa constatação levanta sérias dúvidas quanto à legitimidade e à
racionalidade económica da decisão, já que não se vislumbra um plano claro,
transparente e credível de como essas medidas de ajustamento - como o aumento
do preço do gasóleo reverterão, de facto, em benefício da maioria da população.
Em vez de promover
confiança, a decisão acentua o fosso entre o Estado e os cidadãos, ricos e
pobres, entre governantes e governados numa realidade marcada por desigualdades
e assimetrias sociais, limitações na prestação de serviços essenciais e fraca
responsabilização na gestão da coisa pública.
“PAGAMENTOS DE DÍVIDAS
CONTRAÍDAS, NUNCA SE REVERTERÃO A FAVOR DO BEM COLECTIVO, MAS SIM A FAVOR DOS
BOLSOS DE INSENSÍVEIS GOVERNANTES”
Com toda essa realidade cita o PALMA, o aumento das receitas
públicas não irá servir melhor a população, mas antes, pagar dívidas
contraídas, que nunca se reverterão a favor do bem colectivo, mas sim a favor
dos bolsos de insensíveis governantes. O político defendeu uma série de
políticas compensatórias a julgar pela constante subida do preço do combustível
em Angola já que revela socialmente insustentável.
“PRESIDENTE DA REPÚBLICA DEVE REDUZIR AS VIAGENS
INSTITUCIONAIS”
O Partido PALMA - NOVA ANGOLA aconselha o executivo a
reavaliar e redireccionar gastos não prioritários (como eventos comemorativos e
outros gastos supérfluos) para investimentos sociais produtivos, implementar
subsídios temporários para sectores críticos como transportes públicos, agricultura
e panificação, estabelecer um plano claro de comunicação governamental sobre os
impactos e compensações previstas, promover diálogo com associações
profissionais e da sociedade civil para calibrar a medida de forma gradual e
socialmente sensível, reduzir as viagens institucionais, a começar pelo próprio
Presidente da República.
Redução das taxas tributárias de mercadorias essenciais para
mitigar a alta de preços de bens e serviços a curto prazo e Tomar medidas
económicas tendentes a formalizar a economia informal em formal.
O Politico dirigiu palavras de encorajamento para vários
segmentos da sociedade destacando aos agricultores e produtores rurais,
taxistas e transportadores, professores e trabalhadores do sector social,
empresários e empreendedores, cidadãos portadores de deficiência, jovens e
estudantes, antigos combatentes, reformados e idosos apelando - os a construir
uma Angola onde o combustível não impulsione o sofrimento do povo, a
Independência Nacional seja mais do que uma data comemorativa, mas sim seja de
dignidade e comida à mesa das famílias angolanas.
De recordar que o Governo angolano tem vindo a cortar os
subsídios nos últimos anos fundamentando-se sempre na ideia do processo de
reformas estruturais e de consolidação fiscal, com vista à modernizar a
economia e torna - lá mais sustentável, menos dependente do petróleo e mais
orientada para o mercado.
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