O Presidente angolano, João Lourenço, abriu oficialmente neste sábado, 13 de julho, a 7.ª Reunião de Coordenação Semestral da União Africana, que decorre em Malabo, capital da Guiné Equatorial. Na qualidade de Presidente em exercício da União Africana (UA), João Lourenço defendeu uma maior integração regional como pilar estratégico para o progresso económico e político do continente.
O Chefe de Estado angolano discursou logo após as palavras de boas-vindas do seu homólogo anfitrião, Teodoro Obiang Nguema, Presidente da Guiné Equatorial, destacando que “a integração regional em África é mais do que um ideal político, económico e social — é uma necessidade profundamente estratégica para transformar as ambições da Agenda 2063 em progressos concretos”.
Durante a reunião, que junta chefes de Estado e líderes de comunidades económicas e mecanismos regionais, Lourenço sublinhou o papel essencial das Comunidades Económicas Regionais (CERs) na harmonização de políticas e na promoção de um mercado continental coeso.
ZCLCA como motor de desenvolvimento
Um dos destaques do discurso foi a valorização da Zona de Comércio Livre
Continental Africana (ZCLCA), que o Presidente considerou “um marco histórico”
e “a maior alavanca para o crescimento económico, a redução da pobreza e a
promoção da equidade social em África”.
A ZCLCA, que abrange mais de 1,3 mil milhões de consumidores, representa, segundo João Lourenço, uma oportunidade concreta para industrialização, aumento das exportações intra-africanas e atração de investimento estrangeiro.
Infraestruturas e financiamento no centro da agenda
João Lourenço anunciou ainda a realização, em outubro deste ano, de uma conferência
internacional sobre financiamento de infraestruturas em África, a ter lugar em
Luanda, no quadro da coordenação entre a UA e o governo de Angola. O evento
visa mobilizar recursos para projetos estruturantes nas áreas dos transportes,
energia, educação, saúde e tecnologia.
No mesmo âmbito, defendeu a implementação urgente do Fundo de Desenvolvimento da Agenda 2063, como instrumento complementar aos mecanismos de financiamento existentes no continente.
Apelo à paz e estabilidade
Reconhecendo os avanços registados, mas também os desafios persistentes,
João Lourenço alertou para os obstáculos à integração continental, entre eles a
fraca industrialização, a desarticulação de políticas comerciais e a
instabilidade política e institucional em várias regiões.
Anunciou, nesse sentido, uma conferência sobre paz e segurança em África, prevista para setembro, em Nova Iorque, à margem da 80.ª Assembleia Geral da ONU. O encontro, promovido pela UA em coordenação com Angola, terá como foco a análise profunda das causas dos conflitos no continente.
Rumo a uma África unida e competitiva
Lourenço encerrou o seu discurso com um apelo à unidade e à ação coordenada. “África não pode continuar a falar com vozes dispersas nem negociar com interesses fragmentados”, afirmou, referindo-se à necessidade de consolidar posições conjuntas, especialmente em fóruns internacionais como a próxima Cimeira União Europeia–África, agendada para novembro, em Luanda.
“O momento exige vontade política reforçada, compromissos vinculativos e, acima de tudo, resultados tangíveis para os nossos cidadãos”, concluiu.
A reunião encerra ainda nesta tarde, com a expectativa de reforço do
alinhamento entre a União Africana e os blocos regionais, em torno das metas da
Agenda 2063 – “A África que Queremos”.
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