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Administradora da Camama manifesta-se “incapaz” de resolver disputa de terreno envolvendo figuras do regime

A administradora municipal de Camama, Claudineth de Almeida, reconheceu em encontro recente com membros da Organização da Mulher Angolana (OMA) a existência de um conflito de terras envolvendo a empresa Konda Marta, camponesas locais e supostos dirigentes do Governo e do MPLA. O diferendo remonta a 2016 e envolve também alegações de participação de oficiais superiores da Polícia Nacional e das Forças Armadas Angolanas.

Segundo informações recolhidas pelo Club-K, durante a reunião realizada na sexta-feira, 27 de junho, a administradora reconheceu a autenticidade dos documentos apresentados pelas camponesas, mas terá declarado que não interviria, alegando que o terreno em causa “já foi repartido pelos seus superiores hierárquicos”.

A responsável referiu ainda que tem recebido diversos indivíduos alegadamente ligados à empresa Konda Marta, reivindicando a posse do espaço em disputa. Como medida, orientou a secretária municipal da OMA a averiguar a veracidade dos documentos apresentados pelas agricultoras.

De acordo com Daniel Afonso Neto, presidente do conselho de administração (PCA) da empresa Konda Marta, a dirigente da OMA terá confirmado a existência de documentação válida, incluindo o título de posse. “A responsável ficou surpreendida com o facto de as camponesas estarem a ser desalojadas, mesmo com os documentos em ordem”, afirmou Neto.

Ainda segundo o mesmo responsável, a administradora alegou que detém conhecimento dos documentos apresentados pelas camponesas, mas que está impossibilitada de agir “por se tratar de uma decisão tomada por membros superiores do Executivo e do Comité Central do MPLA”.

O PCA da Konda Marta questionou se a administradora estaria a agir sob orientação superior, indicando que agentes da Administração teriam recebido instruções para não aceitar documentos apresentados pela empresa ou pelas camponesas, por alegadamente estarem ligadas à oposição.

Entretanto, no terreno em disputa, situado nas imediações do Campus Universitário da Universidade Agostinho Neto, foi colocado um dispositivo da Polícia Nacional e fiscais da administração local. De acordo com o porta-voz da Konda Marta, as autoridades justificaram a ocupação do local com a suposta instalação de uma oficina de viaturas, tendo sido colocados veículos em estado de avaria na área.

Face a essa situação, as camponesas terão retomado a ocupação do espaço, enquanto a administração procedia com a vedação do perímetro, usando chapas de zinco e barrotes.

O PCA da empresa denunciou ainda que o responsável pelos trabalhos de vedação é um assessor da administradora, identificado como Yafina, que, segundo ele, teria recebido um valor de 3,5 milhões de kwanzas numa conta pessoal, alegadamente sob orientação da própria administradora.

Em declarações adicionais, Daniel Neto afirmou que efectivos da Polícia Nacional e fiscais destruíram recentemente as vedações das residências das camponesas ligadas à empresa, sem, segundo ele, apresentar ordem judicial de despejo ou orientação do Governo Provincial de Luanda.

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