A Direcção da UNITA não pode nem deve responder a um comunicado apócrifo, cujo teor retrata e exterioriza simplesmente a inveja e o ódio – raiando a demência – que se apossaram de indivíduos do regime insatisfeitos com a excelente performance que Adalberto Costa Júnior evidenciou no programa «Economia 100Makas».
* Ao longo do dia de ontem fui recebendo chamadas de vários
cidadãos a pedirem esclarecimentos se a Direcção da UNITA irá ou não responder
ao estapafúrdio comunicado que passou a circular após a realização do programa
«Economia 100Makas» na passada segunda-feira, 7, tendo como protagonista o
líder da UNITA, Engº Adalberto Costa Júnior.
Embora apócrifo,
avaliações convergentes atribuem à Presidência da República a paternidade do
referido comunicado. Ora, uma máxima popular diz que quando um maluco cobre a
sua nudez com trajes de Adão e Eva, o mais sensato é deixá-lo andar sozinho.
Pretendo com isso dizer que, no meu entendimento, a Direcção
da UNITA não pode e nem deve responder a um comunicado apócrifo, cujo teor
retrata e exterioriza simplesmente a inveja e o ódio – raiando a demência – que
se apossaram dos autores do comunicado em virtude da excelente performance que
o Presidente da UNITA evidenciou no programa conduzido pelo economista e
jornalista Carlos Rosado de Carvalho.
Com efeito, Adalberto Costa Júnior desmontou e pôs a nu toda
incompetência do regime do MPLA e do seu líder, João Manuel Gonçalves Lourenço,
provando deste modo que laboram em erro os que argumentam que a UNITA não
possui políticas económicas alternativas credíveis para governar o País.
E provou igualmente que tem sido, afinal, por pânico e medo
que o líder do maior Partido da oposição deixou de ser cogitado para
participação em entrevistas e debates nos órgãos de comunicação social
públicos. Os estragos seriam evidentes! Portanto, o comunicado apócrifo do
regime vem na senda da estratégia já habitual de procurar distrair o povo, não
o deixando avaliar integralmente a proposta económica alternativa da UNITA
apresentada através do seu líder, naquela que constituiu também uma autêntica
aula magna no «Economia 100 Makas». ~
Ficaram completamente a nu as políticas de governação ineptas
e irresponsáveis levadas a cabo por um partido que na verdade se encontra à
beira da implosão, quer em virtude das gigantescas querelas internas com que se
tem debatido, quer por não descortinar solução para os enormes problemas em que
colocou o país, as empresas, as famílias e os cidadãos, a braços com a subida
do preço dos combustíveis, dos transportes e dos produtos da cesta básica.
Mas lá diz um ditado popular que quem semeia ventos, colhe
tempestade. Na esteira da lei do retorno, o MPLA enfrenta uma crise sem
precedentes resultante da teimosia, arrogância e falta de democratização
interna que está agora num estágio que se pode considerar sem retorno.
As intenções de
candidaturas do general Higino Francisco Lopes Carneiro, António Venâncio,
Valdir Cónego e outras por anunciar fazem do regime palco de conflitos
intestinais sem fim à vista. Devo confessar que me custou dar crédito que o
comunicado apócrifo posto a circular tenha vindo realmente da Presidência da
República – não tanto pela pessoa que circunstancialmente ocupa o cargo, mas
sobretudo pela dimensão e responsabilidade que essa instituição deveria
carregar qual «manto sagrado».
Mas o facto é que estão lá as já costumeiras impressões
digitais. O mesmo «modus operandis» de sempre pode ser observado nele. Aliás,
como já me havia referido num texto anterior – «as teias de um regime perverso»
–, a ofensa à dignidade alheia ganhou o nível da rua por meio de discursos e
comunicados de imprensa incendiários que passaram a fazer parte da cartilha e
do modus operandis da instituição presidencial.
Por norma, a Presidência da República enquanto instituição do
Estado angolano se deve pautar pela ética, responsabilidade e honorabilidade. A
serenidade, reveladora de sentido de Estado, deve imperar sempre que houver
necessidade legítima de responder a eventuais assuntos surgidos na esfera
pública. Lamentavelmente, não foi isso que observámos.
Pelo contrário. No caso vertente, até era suposto que,
estando em causa declarações supostamente ofensivas proferidas pelo líder da
oposição num programa com relativa nobreza e prestígio como é o caso do
«Economia 100Makas» – com uma audiência reconhecidamente selecta formada por
quadros intelectuais e tecnocratas das mais diversas áreas que marcaram presença
no evento –, a instituição presidencial primasse por responder em foro
igualmente nobre como são os instrumentos de marketing institucional de que
dispõe, e não andar às pedradas, como o fez, por via de um documento vulgar e
apócrifo.
Mas é nisso que dá quando o regime teima e persiste em
enveredar por comportamentos marcados pelo autoritarismo com que conduz as
instituições e os cidadãos, que vivem dominados, condicionados e submissos. O
terrorismo de estado e psicológico marca, efectivamente, o documento apócrifo,
sendo essa a essência e a alma do regime do MPLA. Desde os primórdios da
Independência Nacional que o regime encontrou e vê na violência física,
executada e ameaçada, o meio propício para coagir de forma generalizada o povo
com o objectivo de o manter dominado e sob controlo, transformando os Angolanos
em animais estáticos e incapazes de se queixar.
Resumindo, o comunicado apócrifo do regime vem na senda desse
tipo de estratégia que consiste na distração e controlo das massas e dos
comportamentos individuais dos cidadãos, através de permanentes operações de
lavagem cerebral. É assim que se pretende «intrujar» todos os Angolanos.
Através de uma lobotomia permanente e colectiva, os
comentadores são postos a comentar conforme os ditames da autocracia, os
historiadores a escrever a história que o partido quer, os economistas a
produzir as análises económicas que o partido encomenda, e os magistrados e os
tribunais a absolver como lícitos os actos ilegais do poder e a punir como
crimes os actos lícitos dos inimigos a abater, geralmente opositores.
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