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Mistério e indignação cercam morte de jovem angolana em Portugal

A morte de Maria Luemba, jovem angolana de 17 anos, está a gerar comoção e revolta entre familiares, ativistas e a comunidade angolana residente em Portugal. Encontrada morta na sua residência em Aveiro, a jovem vivia há pouco mais de três anos no país com a mãe e dois irmãos, uma das quais, de apenas cinco anos, foi quem descobriu o corpo.

Segundo relatos da família, Maria foi encontrada sentada numa cadeira, perto da janela do quarto, com sinais de incontinência urinária. O corpo, no entanto, não foi mostrado à família, que foi forçada a proceder ao reconhecimento via videochamada, o que levanta sérias suspeitas quanto à transparência do processo.

“Não nos deixaram ver o corpo. Estão a pressionar para que o enterremos sem autópsia. Exigimos respostas”, denuncia a família.

Suspeito com histórico de violência

A família aponta como principal suspeito um vizinho com histórico de assédio e comportamentos violentos, que nos últimos meses teria ameaçado e vandalizado a propriedade da família — partiu janelas, danificou o carro e lançou objetos contra as janelas durante a noite.

Após a morte de Maria, o mesmo indivíduo publicou um vídeo nas redes sociais, alegando ter sido assaltado e exibindo arranhões visíveis, o que a família interpreta como uma possível tentativa de fabricar um álibi.

“Ele dizia que éramos sustentados pelos impostos dele. Uma semana antes do crime, incendiou lixo ao lado de um multibanco. Temos medo. A Maria queria sair daquela casa”, conta um familiar próximo.

Ainda segundo testemunhos, o homem invadiu e vandalizou um restaurante operado pela família, consumindo comida dos clientes e forçando o encerramento do espaço. Registros de pedidos de ajuda foram feitos junto à Guarda Nacional Republicana (GNR) e às autoridades locais, sem que medidas de proteção tenham sido acionadas.

Indícios de negligência e ocultação

A pressão para sepultar o corpo sem autópsia oficial é um dos aspectos mais alarmantes do caso. A Associação Angolanos no Porto, representada por Olavo Ferreira, exige uma autópsia independente, investigação rigorosa e acompanhamento consular.

A entidade questiona:

• Por que a família foi impedida de ver o corpo presencialmente?

• Por que não foi realizada uma autópsia completa, apesar das circunstâncias suspeitas?

• Que medidas estão a ser tomadas para investigar o vizinho, diante do histórico de violência e comportamento estranho após o óbito?

Família exige justiça

A mãe de Maria, Ladi, e a tia Isabel apelam por ajuda. A associação LAP (939 768 030), que também acompanha o caso, alerta que a pressão para sepultamento imediato sem esclarecimentos poderá configurar obstrução da justiça.

Para a comunidade angolana e grupos de apoio a imigrantes, o caso revela falhas graves no sistema de proteção às vítimas, principalmente quando estas são mulheres negras e estrangeiras.

Reivindicações da família e apoiadores:

• Autópsia independente e completa

• Abertura de inquérito formal contra o vizinho suspeito

• Medidas de proteção e apoio psicológico aos irmãos menores

• Envolvimento ativo do Consulado de Angola e organizações internacionais

A hashtag #JustiçaParaMariaLuemba começa a circular nas redes sociais, impulsionando o apelo por justiça e transparência num caso que pode representar mais do que uma tragédia isolada: um sintoma de racismo estrutural, falhas institucionais e invisibilidade das vítimas.

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