Após comunicar pessoalmente ao líder do seu partido, o general reformado Francisco Higino Lopes Carneiro prepara-se para, nos próximos dias, anunciar oficialmente aos militantes do MPLA a sua pré-candidatura à liderança do partido, com vista ao congresso ordinário previsto para o final de 2026. Juntamente com o anúncio, será também divulgado ao público um manifesto de intenções.
Segundo fontes consultadas pelo Club-K, uma pré-candidatura no seio do MPLA representa o primeiro passo de um militante que manifesta publicamente a intenção de concorrer a um cargo interno, como a presidência do partido ou a liderança de uma estrutura regional ou juvenil, antes da realização oficial das eleições partidárias. Tradicionalmente, o MPLA inicia a sua pré-campanha cerca de um ano antes das eleições gerais em Angola.
Com as reformas recentes nos estatutos do partido, o processo tornou-se mais estruturado e competitivo. Assim que o Comité Central convocar o congresso, os militantes interessados devem apresentar a sua intenção junto das bases, percorrendo as províncias para recolher assinaturas de apoio. Para a presidência, são exigidas 5.000 assinaturas a nível nacional, com um mínimo de 250 por província.
As pré-candidaturas são posteriormente avaliadas por comissões internas, que
verificam se os candidatos cumprem os requisitos estatutários, como tempo de
militância, idoneidade e outros critérios. Após a validação, os pré-candidatos
podem participar na campanha interna, num período definido antes do congresso.
A eleição final decorre durante o congresso, onde os delegados votam entre
os candidatos aprovados. Embora os estatutos do MPLA prevejam múltiplas
candidaturas, o atual líder do partido, João Lourenço, tem demonstrado
resistência à ideia de um congresso plural e competitivo. Em setembro de 2024,
reagiu negativamente ao saber que o histórico dirigente Dino Matross apoiava
uma eventual candidatura alternativa, associada a Fernando da Piedade Dias dos
Santos “Nandó”. Em resposta, promoveu uma manifestação pública de apoio à sua
liderança.
Mais recentemente, após Higino Carneiro ter-lhe comunicado a intenção de
concorrer, o mesmo voltou a mobilizar as estruturas do partido para uma nova
manifestação de apoio a sua pessoa.
Além de Higino Carneiro, outros nomes surgem como potenciais
pré-candidatos, entre eles o engenheiro António Venâncio e Valdir Cônego. Esta
será a segunda tentativa de António Venâncio de disputar a presidência do MPLA.
A sua candidatura no VIII Congresso Ordinário, realizado de 9 a 11 de dezembro
de 2021, foi marcada por alegações de sabotagem e irregularidades no processo
interno, o que impediu a sua validação como concorrente.
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