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Santas da casa fazem milagres no Quintal - Jorge Eurico

 A rapper luso-angolana Eva RapDiva (Eva Cordeiro) rapou-se (leia mudou-se) para Portugal e entrou na política. De rosa ao peito e punho cerrado, decidiu vestir a camisola do Partido Socialista (PS). Tem tudo para ser eleita deputada à Assembleia da República portuguesa. O caso de Eva RapDiva não é único. Ossanda Liber, também angolana, está a destacar-se na política portuguesa, mas pela “Nova Direita”.

As duas têm algo em comum: São jovens angolanas politicamente esclarecidas que preferiram ser deputadas em Portugal a serem “escravas” em Angola. Eva RapDiva e Ossanda Liber são santas da casa, mas os milagres acontecem lá no nosso “Quintal Comum”. Custa-me ver que escolheram servir Portugal em vez de Angola. Dói-me mais ainda saber que o Estado angolano ignora a fuga de jovens qualificados, como Eva RapDiva e Ossanda Liber, que preferem dar o seu talento à terra que as acolheu.

O futuro de Angola está ameaçado. Compreendo a opção de Rapdiva e de Ossanda. Em Angola, sonhos tornam-se pesadelos. O talento é desperdiçado. A inteligência e implacavelmente combatida. Não há meritocracia. Não ha oportunidades. Daí terem escolhido Portugal e os seus partidos para fazer política. Em Angola não há espaço. Em Portugal há futuro. Angola mata sonhos. Portugal dá mandatos. Angola fecha portas. Portugal abre cadeiras.

As escolhas de Eva RapDiva e Ossanda Liber fazem sentido. O sistema político angolano é hostil e controlado há 50 anos pelos mesmos actores. A verdade é amarga, mas deve ser dita: Se Eva RapDiva quisessem entrar na política em Angola, teriam muito provavelmente de passar pelo “teste do sofá”. Para figurarem na lista de deputados, teriam seguramente de virar gueixas ou concubinas dos “senadores” dos principais partidos políticos. Caso contrário, a vocação política delas estaria morta e bem enterrada. RapDiva e Liber estão bem em Portugal. Desejo-lhes sorte!

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