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Os Papagaios da TV - Gerson Prata

 A Comunicação Social é considerada como o quarto poder. Em Angola, a TPA e a Zimbo são vistas como o quartinho do poder. Ambas vivem à custa dos contribuintes angolanos. Os salários dos Directores e funcionários são pagos com o dinheiro do OGE.

Os Papagaios da TV nem sempre são os jornalistas. Muitas vezes – ou melhor, na maior parte das vezes – são os comentadores convidados. Eles são escolhidos a dedo para dizerem o que os jornalistas não podem. Os ditos comentadores, residentes ou não, alguns deles apresentados como advogados e professores universitários, não passam dos títulos. Só têm valor quando os ostentam. Não valem nada. Não produzem conhecimento. Lutam desesperadamente por um lugar no Executivo. Mas JLo finge não os ouvir. Talvez seja por isso que ainda não foram nomeados para um cargo apetecível.

 As redes sociais têm sido um ponto de equilíbrio, mas apenas para os poucos lúcidos da pequena minoria que têm acesso a elas. Arrisco dizer que não passam de 15% da população. Se fossem mais, muita coisa já teria mudado. Não haveria tanto desprezo ou indiferença pelos gritos dos cidadãos. Um desses gritos é contra a proibição da entrada de carros usados da Europa com mais de seis anos de vida. Esses veículos faziam uma enorme diferença. Ajudavam a combater a pobreza e a falta de transportes públicos. Os Polícias, os militares (entre oficiais superiores e não só), os professores e tantos outros andam de candongueiro. Ficam enfileirados ou amontoados nas paragens – coisa que não acontecia quando podiam recorrer a um crédito e adquirir o seu próprio carro de ocasião.

Não vemos nenhuma reportagem a respeito disso. Nenhum Papagaio da TV tem interesse em falar sobre o assunto. O sofrimento alheio não lhes diz absolutamente nada. Talvez devêssemos pedir ao senhor das reportagens vergonhosas (o mesmo do banquete e afins) para, pelo menos uma vez, fazer uma reportagem a favor do povo. Com o talento que tem para fabricar cenários, nem precisaria de se esforçar tanto. Os dados estão à vista de todo o mundo. Bastaria visitar uma paragem de táxi e testemunhar as longas filas e o tempo de espera. Nessas concentrações, fala-se de tudo um pouco, sobretudo de desabafos e da incapacidade do Executivo de João Lourenço para resolver os problemas mais elementares das populações. Quem vive essa realidade sente na pele a revolta de um sofrimento que podia ser evitado com a permissão da entrada de carros usados da Europa, pelo menos os fabricados de 2010 em diante.

Mas o homem das reportagens, que de jornalista tem apenas o nome, e de chefe, apenas o posto, não se interessa. O seu foco é "quilhar" a oposição política. Ele sente-se orgulhoso em montar documentários sobre episódios de tentativas de golpes de Estado imaginários. Procura, em vão, mostrar que uns são os maus e outros, os bons da fita. Uma mentalidade do tempo de guerra. Mas são estes jovens que são promovidos e têm carta-branca para servir os banquetes na TPA.

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