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O legado da juventude - Maria Luísa Rogeiro

 É desalentador ver jovens, supostamente bem formados do ponto de vista académico, sucumbirem às delícias do vil metal de forma tão dramática. Os jovens são, desde os primórdios da humanidade, partícipes de mudanças. São donos da irreverência que dota os seres humanos de coragem para ir à luta em busca de mudanças. De algum modo, mais do que qualquer outro grupo etário, os jovens são revús by nature. 

Dói a alma constatar que muitos jovens que há alguns anos eram estudantes empenhados, cérebros crentes em melhorias para o país, se transformaram em seres dotados de métodos que transformariam idosos experientes “no ofício” em meros aprendizes do mais tosco aspirante à Arsene Lupin.

Os últimos casos da AGT e do IVA são simplesmente estarrecedores. Como é possível que o Ministério das Finanças, com tantos quadros tão bem cotados, regras fiscais e de execução orçamental aparentemente aplaudidas até em círculos independentes, não se tenha apercebido do tamanho do rombo? Como grande parte dos angolanos, tenho motivos para estar desapontada com a gestão do bem público, mas estou entre aqueles que acreditava na competência da liderança do Ministério das Finanças. Apostei todas as fichas na Ministra Vera Daves, para mim era (de certo modo ainda é) uma espécie de gurú que, sem soluções milagrosas, tinha capacidade de apontar caminhos para tirar o país da situação quase calamitosa em que se encontra. Se não acreditasse numa jovem mulher com brilhante percurso académico, uma tecnocrata com discurso convincente projectada pela mídia, sinceramente, não sei em quem acreditaria…

Muitos dos jovens executivos da instituição mais poderosa de Angola, deixaram de ver, a partir dos luxuosos carros topo de gama e benesses inerentes ao estatuto de “poder real”, deixaram de encarar o país como pertença de todos. Na cabeça deles, o facto de terem o prerrogativa de apertar botões decisivos, acrescentar, deletar e em última instância decidir quem deve beneficiar do dinheiro que deveria servir a todos cidadãos deste país, os convenceu de que eram semi-deuses. Arrogantes e intocáveis! Não satisfeitos com os rendimentos muito acima da média, deram-se ao luxo de olvidar um detalhe: o bem público! Como diria o “povo em geral”, a maioria que vota para legitimar o poder, gamaram mbora mais! Como é que meia dúzia de técnicos desviam 7 mil milhões de Kwanzas?

Jess, vou dobrar mais os joelhos, vou orar com fé! Deixo a fisioterapia fica para depois. Driblarei a hipertensão e outras dores do corpo, até porque os medicamentos estão extremamente caros, no óbito do “Aputarado”. Vou chorar e mais tarde comer no komba. Somos meme!

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