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Quando Imberbes assumem a gestão financeira de um país Eis o Resultado - Ferreira Pestana

 É sempre um sinal e uma realidade de aplaudir quando, num dado país, a camada mais jovem começa a adentrar para as instituições cruciais do Estado, desde a Presidência da República às Administrações Comunais, passando pelas empresas e institutos públicos. São sinais e realidades tão fortes que acabam por funcionar como factores de motivação e de estímulo a todos os outros jovens, do mesmo país, para o estudo científico, a capacitação académica e o espírito engenhoso. Ou seja, dá-se um efeito multiplicador na sociedade, porquanto, se "aqueles jovens chegaram até aí, então, nós também podemos"!

Entretanto, no cenário angolano, sempre tivemos, a partir dos primórdios da independência, laivos de malta jovem a ocupar posições de destaque no aparelho governativo. Esse cenário ganhou "foros de cidade", agora, no início do consulado do Presidente JL, em 2017, com a entrada, e em força, de um número significativo de jovens no seu Executivo, com repercussão noutros sectores do Estado, em geral. Com esse insuflar de sangue novo nas veias e na mente, a sociedade esperava que daí emanasse uma forma arejada, científica e elevada de estar num governo e a expectativa de uma transição geracional pacífica, com ganhos enormes para o país, em termos de boa governação, internamente e nas relações interestaduais.

Debalde! Foi justamente, pela mão de JL que vamos tendo maus exemplos de jovens que fazem questão de não esconder, a quem quiser ver, ao que vão às instituições do Estado. Vejamos, alguns dos objectivos imediatos que perseguem, logo que "chegam lá":

1. Multiplicar o número de zero nas suas contas bancárias, não como resultado da remuneração auferida, mas com sacrifício ao Erário.

2. Rapidamente, comprar casas lá fora, se a geração anterior, dos Kotas, tinha Portugal como o mercado imobiliário de preferência, hoje ainda é, mas, os mais bem-sucedidos financeiramente, destes tempos, por via do dinheiro de todos, atracam em cidades de Espanha, França, Inglaterra e em outras cidades europeias, bem como vão assentando arraiais no Dubai (Emiratos Árabes Unidos), para a aquisição de casas, para férias e para as grandes compras, visando a ostentação pura e simples.

3. Ter o parceiro principal ou adjacente e a prole a residir e a estudar no exterior, sustentados com remessas periódicas de valores, incluindo operações acima dos limites impostos pelo BNA.

4. Os homens jovens incluem na folha de gastos prodigais, um séquito de amantes no país ou fora dele.

5. Competir uns com os outros, para se ver quem tem as melhores residências, as melhores máquinas (automóveis) e quem tem mais milhões nas contas bancárias e à mão.

Seguramente, não é isso que esperamos dos representantes da juventude estudiosa e trabalhadora do país, uma excessiva preocupação consigo mesmos, ignorando totalmente o sentido de missão e a capacidade de preservação do que é de todos nós. Podem ter certeza que não há aqui, nestes escritos, manifestação de inveja, ao contrário, é a forma chorada que temos para nos insurgir, devido ao desandar acelerado do país.

Pelo que, a informação, que assaltou a nação, nos últimos dias, segundo as quais três ou dois imberbes, colocados em áreas nevrálgicas da AGT, levavam regularmente para os seus bolsos milhões e milhões de Kwanzas e milhares em moedas estrangeiras, a ponto do Estado ter sido "aliviado" em mais de 7 mil milhões de Kwanzas, só reforçou o grau das nossas justas apreensões. Pois, são os tais milhares de milhões que as Finanças/Estado dizem não ter a cada fim do mês para o pagamento de salários à classe de trabalhadores e também desconseguiu implementar, no mês de Janeiro, o acordado, com os sindicatos, aumento de 25% na função pública.

Lembrar ainda que é a mesma AGT, cujos responsáveis da actualidade se divertem com os empresários e agentes económicos, quando estes incorrem em falhas no pagamento de impostos, com encerramentos abusivos de contas e de NIF's, isso quando não promovem sessões de tortura psicológica a empresários convocados para tratar dos seus incumprimentos, em salas da instituição, ornamentadas ao estilo da Santa Inquisição. E o MINFIN finge ignorar que também não tem feito pagamentos, há mais de 6 meses, a seus credores, sobretudo aos mesmos empresários. Complicado...

Afinal, sabemos, hoje, que o problema do país nunca foi falta de dinheiro para honrar as suas responsabilidades internas (salários da função pública, prestadores de serviços, despesas ordinárias das instituições do Estado etc). O problema está nas jovens e nos jovens escolhidos para dirigir determinados organismos públicos, cuja pressa de ascensão social, de mudança de status financeiro e de viver muito acima das possibilidades, é imparável! Lamentavelmente...

Porém, desengane-se quem pense que o mal do nosso Erário são apenas 3 ou 2 pirralhos da AGT. Na verdade, o mal está em toda a pirralhada, a começar pela própria Ministra Vera, a quem foi confiada, em razão dos conhecimentos académicos e do trabalho feito noutros lugares, a suma missão de gestão das Finanças de Angola. Já que ela, por sua vez, confia também no seu esposo, nos seus amigos da banda e nos colegas da fau, para lhe fazerem companhia no irresponsável exercício de malversação/delapidação do Erário. Infelizmente, como os bons exemplos, neste consulado joanino, não estão a vir de cima, qualquer um se sente autorizado a mexer no Tesouro Público, com a mesma leviandade que se mexe no mealheiro lá de casa. Tudo porque, se capacitaram que o país está sob assalto, por uma espécie de gangue governativa, de que fazem parte, e como não tem havido as devidas responsabilizações, salvos os azarados escolhidos a dedo pelo PR, resolveram também entrar na festa do dinheiro público.

É em alturas como essa, de sangria financeira do Estado, por todos os poros, entenda-se por todas as suas fontes de arrecadação, que duas instituições deviam mostrar mais serventia. Estamos a nos referir à IGAE, caso o actual titular não tivesse escolhido como prioridade a componente pedagógica, a levar a cabo junto dos servidores públicos, em prejuízo do seu viés de entidade de controlo interno da gestão da coisa pública. E ao Tribunal de Contas, outro órgão do controlo e responsabilização internos, face à lesão diária que se comete nas contratações públicas e demais actos de gestão de recursos financeiros do Estado, mas, tem estado refém da falta de capacidade e autoridade do seu Juiz Presidente, que só sabe, desde que assumiu as funções, agendar viagens, mês sim, mês também, ladeado dos melhores rostos femininos do órgão, para fins nada benéficos ao Erário.

Enfim, por esse andar, já que as pessoas não sabem se demitir, que alguém tenha um sobressalto de seriedade e de patriotismo para os demitir, doutro modo a conclusão é única: são todos da mesma cepa, para o mal de Angola e dos angolanos!

 

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