É bom falar a verdade. Nos tempos das vacas gordas, no País do Pai-Banana, vivíamos numa abundância que hoje parece quase uma lenda. Naqueles tempos, bastava ser funcionário público ou privado ou, ainda, trabalhar por conta própria, ou ter alguma queda para fazer "biolos", era suficiente para garantir uma vida estável e tranquila.
Foi nesse período que muitos conseguiram comprar terrenos e construir as
suas próprias casas. Outros mandavam os filhos estudar na Namíbia ou na África
do Sul, enquanto os mais afortunados optavam pela Europa ou pelos Estados
Unidos.
O dólar era acessível, e até a classe média conseguia fazer algumas
poupanças. Os salários permitiam uma vida digna, com espaço para pequenos luxos
e projectos de futuro. Eram tempos em que, com esforço e dedicação, era
possível sonhar alto e construir um futuro melhor para a família.
Hoje, tudo mudou. O País agora é do Tio-Banana. A realidade é outra. Quando
se pensava que, com o anunciado combate à corrupção e à impunidade, as coisas
mudariam para melhor, os resultados tardam em aparecer. A vida tornou-se muito
mais difícil. Quem antes conseguia comprar um carrito de ocasião com o
BPC-Salário, hoje anda a pé ou de "kandongueiro"; quem comprava uma
caixa de coxas sozinho, actualmente faz “sócia”; quem estava a construir a sua
casa, parou; muitos preferem viver nas suas obras inacabadas. Apenas uma
minoria insignificante se sente bem - em tão pouco tempo, saiu de burro para
cavalo - são esses que acham que o Ti-Banana está no bom caminho, enquanto a
maioria esmagadora dos cidadãos está a chupar o dedo.
Como o mundo é feito de comparações, inevitavelmente olhamos para trás com
alguma saudade, tentando entender onde tudo falhou. Como conseguimos sair de
cavalo para burro neste curto espaço de tempo?
É certo que o País do Pai-Banana não era perfeito, mas havia oportunidades
e esperanças, algo que não se verifica hoje em dia. Nos dias de hoje o pessoal
ficou domado pelo medo. Medo de ser feito arguido; medo de ser mal entendido;
medo de ser mal visto; medo de ser colocado de parte; medo de perder as
benesses; medo de ler e de comentar sobre assuntos da nossa vida social e
política. É este medo que afunda o país e escraviza as mentes. E lá vamos nós,
de medo em medo, até ao medo final.
Afinal, é mesmo verdade: Pai é mesmo pai! Podia até ser alcunhado de
Pai-Banana, mas não deixava o seu povo desamparado.
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