O Presidente do Conselho de Administração do Pólo de Desenvolvimento Industrial de Catumbela (PDIC), Miguel Correia, está a ser acusado de práticas fraudulentas e de perseguição a Administradoras Comerciais que não concordam com suas ações, particularmente no que diz respeito ao desvio de fundos públicos. Criado com fundos do Estado, o PDIC tem sido alvo de alegações de gestão danosa, especialmente em relação à apropriação indevida de recursos.
Segundo fontes próximas à administração do PDIC, Miguel Correia teria
protagonizado uma série de conflitos com a antiga Administradora Comercial,
Delfina Manjor, que culminaram na sua exoneração, por influência do Governador
Provincial de Benguela e do Ministro da Indústria e Comércio. A acusação é de
que Correia teria agido para afastar a senhora Manjor por não alinhar com as
suas práticas, que foram interpretadas como prejudiciais à transparência
financeira e à boa gestão.
Recentemente, com a nomeação da nova Administradora Comercial, Tânia Azevedo, uma funcionária experiente com 19 anos de serviço no Gabinete de Estudo e Planeamento do Governo Provincial de Benguela, a situação voltou a se agravar. A nova administradora, que é vista como uma profissional comprometida com a boa gestão, teria se incompatibilizado com Miguel Correia, que, segundo denúncias, tem dificultado o seu trabalho e descreditado a sua atuação. A situação teria piorado com insultos e desqualificações públicas feitas por Correia contra Tânia, o que teria gerado um ambiente de trabalho tóxico e desmotivador para os funcionários do PDIC.
Fontes indicam que, apesar das repetidas advertências do Governador
Provincial de Benguela, Miguel Correia teria se mostrado imune a qualquer tipo
de repreensão, alegando proteção do Ministro da Indústria e Comércio, do
Secretário de Estado do Comércio e até de autoridades da Procuradoria Geral da
República, com quem, segundo rumores, manteria relações pessoais próximas.
Essas alegações levantam sérias dúvidas sobre a autonomia e a eficácia das
instituições responsáveis pela supervisão da gestão pública.
O comportamento de Correia teria sido recompensado com nomeações para liderar projetos de grande escala, como a expansão do Pólo de Desenvolvimento Industrial de Catumbela, o que tem reforçado a percepção de que ele estaria, de fato, sob proteção política. Para críticos, isso contraria a política de combate à corrupção defendida pelo Presidente da República, bem como as boas práticas de administração pública, especialmente em empresas com capitais do Estado.
Em janeiro de 2024, a Procuradoria Geral da República da Catumbela recebeu
um dossiê que indicia Miguel Correia em crimes de peculato e favorecimento
pessoal. O material apurado aponta que o Presidente do PDIC estaria utilizando
a sua posição para favorecer amigos e familiares em negócios ligados ao Pólo de
Desenvolvimento, com proveito próprio. A denúncia foi corroborada por um
jornalista local, Dino Calei, que revelou, em fevereiro de 2024, que Correia
teria utilizado uma verba de 96 milhões de Kwanzas para legalizar um edifício
pertencente ao PDIC, cuja propriedade é do Estado e do Governo Provincial de
Benguela.
Em meio a essas acusações, surge a preocupação de que, sem uma intervenção
das mais altas instâncias governamentais, a gestão de Miguel Correia no PDIC
poderá continuar a prejudicar o patrimônio público, em detrimento do interesse
coletivo e do desenvolvimento sustentável da região.
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