O Presidente angolano João Lourenço mostrou-se hoje preocupado com os "desafios em democracia" em Moçambique, afirmando-se convicto de que "prevalecerá o espírito de unidade dos moçambicanos" após a tomada de posse do Presidente eleito.
"Depois do anúncio definitivo dos resultados eleitorais após a análise
do contencioso eleitoral pela entidade competente e marcada a data para a
investidura solene do Presidente eleito, o continente e o mundo estão
convencidos de que prevalecerá o espírito de unidade dos moçambicanos, do
diálogo e concertação" necessários para a estabilidade e regresso à vida
normal, destacou João Lourenço.
O Presidente angolano falava no final de uma cimeira extraordinária da União Africana sobre o Programa Integrado para o Desenvolvimento da Agricultura em África, que decorreu em Kampala (Uganda).
Na ocasião, o chefe de Estado assinalou que, depois do conflito armado em
Cabo Delgado, Moçambique enfrenta um novo desafio à democracia, com o
surgimento da crise pós-eleitoral, que em dois meses deixou mais de duas
centenas de vítimas e destruição de infraestruturas económicas e sociais.
Desde 21 de outubro, as manifestações pós-eleitorais em Moçambique, que
degeneraram em confrontos com a polícia, saques e destruição de empresas e
instituições públicas, como tribunais e esquadras policiais, já provocaram
cerca de 300 mortos e mais de 600 feridos.
A investidura de Daniel Chapo (candidato da Frelimo, no poder) vai
acontecer no dia 15 de janeiro, estando marcada a instalação do novo parlamento
para dia 13 de janeiro.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane (do Podemos)m que regressou ao
país na passada semana, continua a contestar o processo eleitoral e apelou a
três dias de paralisação em Moçambique e manifestações pacíficas durante a
posse dos deputados e do novo Presidente moçambicano.
Na cimeira em Kampala foram abordadas questões ligadas ao desenvolvimento
da agricultura e sistemas agroalimentares, mas também temas ligados à paz e à
segurança em África, com foco no aumento das ações terroristas e extremismo
violento e mudanças inconstitucionais de governos democraticamente eleitos.
"Lamentavelmente, algumas destas más práticas desviam-nos do objetivo
central do nosso continente, o de promover o desenvolvimento, tendo como base
propulsora a agricultura", enfatizou João Lourenço expressando preocupação
com a guerra no Sudão e o conflito entre a República Democrática do Congo
(RDCongo) e o Ruanda.
Sobre este, considerou que uma cimeira de alto nível pode ajudar a
desbloquear o impasse "e assegurar que não sejam desperdiçados os
entendimentos e ganhos já alcançados, nomeadamente no que concerne à retirada
do contingente militar do Ruanda do território da RDCongo,
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