No dia 2 de janeiro de 2000, o mundo foi sobressaltado com uma segunda notícia aterradora: em menos de uma semana um segundo avião cargueiro “Hércules C-130”ao serviço da ONU era abatido em Angola.
Voavam nos céus da província do Huambo quando desapareceram dos radares.
Ninguém sabia do paradeiro das aeronaves, nem das suas tripulações. O primeiro
foi derrubado por mísseis SAM no dia 26 de Dezembro de 1999, após levantar do
aeroporto Albano Machado onde descarregará mantimentos. O outro, foi abatido em
plena passagem de ano.
O que ninguém sabia é que os dois aviões eram tripulados por pai e filho. O psi, o senhor John Wilkinson, de nacionalidade sul-africana, que já se encontrava a trabalhar em Angola há cinco anos, era o comandante do Hércules abatido após descolar da cidade do Huambo no dia 26 de Dezembro de 1999. Não houve sobreviventes, mas na altura ninguém sabia o que se tinha passado.
Organizaram-se intensas buscas para a sua localização. Num das aeronaves que participava nas buscas estava o seu filho John Wilkinson Son, oriundo da África do Sul como voluntário. Ao sobrevoar a área em conflito, o seu avião seria alvo de fogo de metralhadoras anti-aéreas Zu-23 e cairia entre a vila Nova (Tchicala Tcholoanga) e o Alto Chiumbo. O mundo inteiro estava em suspenso, ninguém sabia deles e a ONU devia explicações aos seus membros.
Na região centro de Angola só havia dois jornalistas na frente de combate; eu , Jaime Azulay e Kito Neves da Angop. Por autorização do comando da Frente centro chefiado pelos generais Armando da Cruz Neto e Macedo do Amaral “ Violência”.
Estávamos há uns dias, engajados num regimento das FAA entrincheirado na zona do Cruzeiro para defesa da cidade do Huambo. Fomos para lá levados pelo nosso camarada Fernando director da Rádio Huambo ( bom camarada).
Em princípio iríamos avançar para o Kuito e durante a noite e madrugada o regimento começou o avanço. Eu e o Kito estávamos num Unimog.
No dia 3 de Janeiro chegamos a Vila nova. Havia milhares de soldados das FAA que tinham acabado de chocar com forças blindadas das FALA. O seu comandante, o falecido general Sousa estava ferido e escapará ser capturado.
24 anos depois já não tenho os meus camaradas.,O general Sousa morreu, o meu
cartucheira Kito Neves morreu.
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