Pelo menos dois cidadãos garimpeiros foram atingidos com tiros de armas de fogo disparados por supostos efectivos da Polícia Nacional (PN) afectos à Unidade de Reacção Patrulhamento, do Comando Municipal do Cuango, província da Lunda-Norte, causando ferimentos graves às vítimas.
Segundo apurou O Decreto no local, outro garimpeiro foi alvejado por um
agente de segurança da empresa privada “Kadyapemba”, que protege a zona de
exploração de diamantes em Cafungo.
“Agentes da polícia ao serviço do Governo angolano, e a empresa de segurança privada Kadyapemba, que garante protecção às empresas mineradoras de elite angolana, continuam a cometer crimes públicos, que viola a lei e os direitos humanos nas minas de diamantes na Província da Lunda-Norte”, lamentou um dos activistas.
Os garimpeiros tentavam chegar à zona de exploração artesanal, bem como na
área do Pone, onde supostamente opera a empresa Sociedade Mineira do Cuango
(SMC).
O jovem Benvindo Pedro, 28 anos, uma das vítimas, contou que no dia 30 de
Dezembro de 2024, efectivos da Unidade de Reacção e Patrulhamento (URPA),
teriam montado uma barricada no Bairro Gika, a escassos metros do Posto Policial
do Gika, com o objectivo de impedirem os jovens garimpeiros chegarem ao local
de exploração, nas proximidades de uma padaria afecta à empresa Sociedade
Mineira do Cuango.
Os agentes abordaram a viatura de marca Canter, onde havia garimpeiros e
camponeses, tendo mandado descer todos os ocupantes. “Quando as pessoas
descerem do carro, os policiais disseram-nos que vocês é que estão a invadir a
área da empresa, por isso ninguém mais vai para lá”, disse.
A vítima contou ainda que “na mesma altura, um efectivo da Polícia de
Unidade de Reacção e Patrulhamento começou a fazer disparos e me atingiu com
bala pela bochecha, quando gritei que fui atingido, na mesma altura, deu-se a
conhecer ao comandante da 2ª Esquadrão de Cafunfo, que por sua vez, queria
defender o agente dizendo que não era bala que me tinha atingido”, ressaltando
que depois foi levado para o Hospital Regional de Cafunfo (HRC), onde os
médicos detectaram que se tratava de uma bala disparada com arma de fogo.
“No mesmo instante, quando me assistiam no hospital, uma viatura da
segurança Kadyapemba, veio com um jovem que também foi atingido pelos
seguranças, numa altura em que os garimpeiros faziam choque (atividade de
garimpo)”.
Os cidadãos denunciam que “os crimes que são cometidos pelos policiais que
usam desproporcionalmente a força contra garimpeiros nas minas de diamantes,
tem gerado revolta popular”, disse outro activista dos direitos humanos.
“A polícia não pode cometer crimes públicos que violem a lei e os direitos
humanos, a falta de palestras nas unidades de efectivos da defesa e segurança,
nas empresas de segurança e a falta de punição severa os indivíduos quer da
segurança e defesa assim como empresas de segurança privadas nas minas de
diamantes e no país por todo, estes indivíduos continuam a cometer crimes
graves, que desrespeita a lei angolana e os direitos humanos”, sublinhou o
defensor dos direitos humanos, Jordan Muacabinza.
“Cumplicidade e corrupção na empresa Kadyapemba motiva a invasão da Mina
Cuango pelos garimpeiros”
Segundo Jordan Muacabinza, o fenómeno que se arrasta há vários anos, tem
cintado com alegada “cumplicidade” e “corrupção” no seio dos agentes de
segurança privada Kadyapemba, “quer na época de Alfa-5, Teleservice, Bikuari,
Kadyapemba, tal como a Muapi”, são de acordo com o activista, “os autores pela
invasão das áreas onde operam as empresas de segurança”.
“Diante desse facto, importa aqui afirmar que, não existe garimpeiros
nestas localidades que vai numa zona praticar actividades de garimpo sem
permissão da segurança mineira, e os que devem ser responsabilizados são
segurança que recebem somas avultadas para extorquir garimpeiros e a empresa em
questão”, relatou.
De acordo com os garimpeiros Yeba Matondo, para terem acesso à zona de
garimpo, a estratégia tem sido montada dois ou três dias antes, e têm
“colaborado” com os seguranças que controlam a mina Cuango.
“Pagamos uma soma muito avultada de 600 mil kwanzas para permitir aos
garimpeiros entrarem naquela zona. Por vezes outros pagam três milhões de kwanzas,
e a segurança tem estipulado um pequeno período de tempo aos garimpeiros
permanecer nas áreas, onde opera a empresa, facto que o tempo, às vezes, não
tem correspondido com valores que temos pagado”, lamentou, acrescentando que,
quando conseguimos diamantes, ao vendermos temos que entregar 50% ou 25% do
valor ao posto de segurança”, referiu.
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