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A minha homenagem a um grande mestre ao Dr Sassy - Manuel de Carvalho

 Hoje, curvo-me e tiro o chapéu para prestar a minha homenagem a um grande mestre, aquele que eu e muitos queríamos imitar o jeito de falar, jeito de fazer medicina, jeito de ser como ser humano excepcional e para dizer verdade até no jeito de bem vestir.

Partiu alguém, cujo legado transcende as paredes da sala de aula, alcançando os corações de todos que tiveram o privilégio de aprender com ele. Alguns meus colegas vão lembrar-se da síndrome da porta fechada, porque ele, não se atrasava e por conseguinte ninguém poderia entrar depois dele. Até que um colega que hoje é cirurgião, bateu a porta e entrou, sem a autorização dele. Mas, ouviu dele, jovem onde vais??? Um médico não se atrasa, mas hoje vais entrar porque a aula é muito importante e tenho certeza que não voltarás a atrasar-te, disse naquele jeito bem falante.


Porque ele tratava-nos por jovens.

Nosso querido professor de Medicina, que partiu para a eternidade, deixa não apenas um vazio irreparável, mas também uma obra de vida que será perpetuada em cada um de nós alunos, colegas pacientes e com certeza aos amigos e parentes.

Por mais Doutoramentos e especialidades que tenhamos feito, não chegaremos ao nível de elegância de fazer medicina do Doutor Sacy.

Ele foi muito mais que um educador, foi um guia, um mentor, um exemplo de dedicação e paixão pela Medicina, foi unanimidade.

Seu compromisso com o ensino foi além da medicina, ele ensinava com o coração e tocava cada estudante, demonstrando que a verdadeira medicina vai além do conhecimento técnico, sendo também um ato de humanidade, compaixão e cuidado. Com sua generosidade intelectual, ele formou profissionais para compreenderem a ciência da Medicina, sua nobreza e a responsabilidade de curar e cuidar do outro.

Aqueles que tiveram a honra de estar sob sua orientação, seja como alunos ou colegas, sabem que ele não apenas transmitia conhecimento, mas inspirava a busca constante pela excelência.

As aulas práticas dele eram concorridas, verdadeiras sessões de medicina.

Eu e muitos colegas adoravamos, assistir as aulas práticas e as visitas médicas dirigidas por ele. Fazia perguntas e respondia no alto do saber que hoje faz-me pensar que já tinha internet, para ser tão actualizado.

Sem desprimor para muitos professores de outras latitudes onde passamos, com gabarito maior pelas publicações e outros trabalhos, aqui o nosso craque, brilhava dentro e fora da medicina. Perdemos o nosso craque.

Lembro-me do meu exame de Medicina no 4° ano, perguntou-me se tinha preparado algum tema, e eu que na época, trabalhava como técnico de laboratório com testes de electroforese de hemoglobina, achando que sabia muito de células falciforme, respondi-lhe que tinha preparado anemia falciforme. Foi uma aula no exame e quem esteve na mesa de exame, não deixou de aprender o que ele transmitiu naquele dia. Ele tinha habilidade em fazer com que cada um de nós acreditasse no seu potencial e mesmo nos momentos de dúvida, ele trazia a certeza.

Hoje, mais do que nunca, percebo o quanto suas lições perdurarão na minha prática, minhas acções e escolhas. O legado que ele deixa vai além do currículum, ele vive em cada gesto de cuidado, em cada paciente que será tratado com a dignidade e o respeito que ele sempre defendia.

Que sua memória continue viva, não só em nossas lembranças, mas na maneira como escolhemos viver e praticar a Medicina. Que possamos honrar sua trajetória, perpetuar seus ensinamentos e seguir seu exemplo, mantendo sempre a chama do seu legado acesa.

Descanse em paz, professor Sacy.

Seu legado será eternamente lembrado, e sua influência continuará a iluminar o caminho de todos.

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