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Roberto de Almeida nega participação em reunião para atacar Dino Matross

 São atribuídas a Roberto António Victor Francisco de Almeida, dirigente histórico do MPLA, as negativas de que tivesse participado de um encontro convocado no Palácio Presidencial, que serviu para atacar/hostilizar Paulo Julião "Dino Matross" por defender um congresso de múltiplas candidaturas no MPLA.

Em meios privados, Roberto Almeida, quando abordado sobre o assunto, nega que tenha sido ele uma das duas figuras mencionadas com frequência nos textos de ataque elaborados por uma designada "equipa do Palácio".

De acordo com apurações, também confirmadas por João Lourenço na reunião dos Primeiros-Secretários dos Comités de Ação do Partido, o líder do partido havia convocado o histórico Dino Matross para solicitar esclarecimentos, alegando que este estaria a falar mal de si. Numa segunda ocasião, descrita por Lourenço como sendo "depois de chegarem-lhe informações mais concretas", aparentemente fornecidas pelos serviços de segurança de Estado, ele voltou a convocar Matross por este, alegadamente, ter decidido apoiar uma eventual candidatura partidária ao congresso de 2026, já que o atual líder não pode mais concorrer por imperativos estatutários conjugados com a lei constitucional.


Segundo fontes do Club-K, neste segundo encontro, o Presidente João Lourenço não convocou Roberto de Almeida, mas sim o general António França "Ndalu", também dirigente histórico do MPLA, para testemunhar a conversa. Convidou também o general José Tavares Ferreira, seu amigo de longa data e tido como o seu mais importante assessor informal, sobretudo para as estratégias de combate aos adversários políticos.

Nesta reunião, Lourenço chamou a atenção de Dino Matross e o teria tratado como alguém "sem juízo". Matross o afrontou, lembrando-lhe que ele já não pode concorrer nas eleições gerais de 2027, e adiantou que os mais velhos do partido iriam apoiar um outro candidato presidencial. Irritado, João Lourenço, que se revela indeciso sobre deixar ou não o poder nos próximos anos, decidiu convocar uma reunião com os CAP do partido para buscar apoio e expor o conteúdo da conversa privada que teve entre quatro paredes com as três figuras convocadas.

Na reunião dos CAP, não citou o nome dos outros interlocutores; porém, o designado "grupo do Palácio" foi visto a partilhar artigos de desinformação, aparentemente para confundir, colocando o nome de Roberto de Almeida na "confusão", o que levou este histórico a ser interrogado por familiares e amigos, aproveitando a ocasião para esclarecer que não foi ele a personalidade convocada para a referida reunião.

Com a reunião dos CAP, Lourenço declarou guerra aberta a todos os quadros do MPLA que desejam, no futuro, disputar a presidência do partido em um congresso de múltiplas candidaturas. No seu discurso partidário, Lourenço deu sinais de que deseja ser ele a escolher o futuro presidente de Angola, preferencialmente alguém mais jovem, o que equivale a uma figura manipulável para que ocorra uma bicefalia. Lourenço se manteria na liderança do MPLA, com outro presidente maleável na República, mas ele mesmo comandando a partir da sede do partido.

Lourenço e Matross, que agora se incompatibilizaram, são quadros que no passado mantinham relações muito próximas. Matross é tio da Primeira-dama Ana Dias Lourenço. Nos bastidores, refere-se que foi Matross, na época ministro da Segurança de Estado, quem teria influenciado para que o então desconhecido João Lourenço fosse nomeado para um cargo político no regime, junto ao gabinete de um outro histórico Nvunda Paiva.

Ao ver os ataques do "grupo do Palácio", que trata Paulo Julião "Dino Matross" como traidor, o advogado Sérgio Raimundo, ao intervir em um espaço radiofônico (Turtulias na Radio Essensial) neste sábado, 31, em Luanda, lembrou e questionou o seguinte: "Dino Matross foi nosso chefe na direção política, foi ele que recebeu João Lourenço em 82, formou-o e o catapultou a comissário político no Moxico. Agora hoje é traidor?"

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