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ÓSCAR RIBAS : O GUARDIÃO DAS TRADIÇÕES ANGOLANAS E A VOZ DA CULTURA AFRICANA

 Óscar Bento Ribas, nascido em 1909, um dos mais importantes escritores e etnógrafos de Angola. Ao longo da sua vida, Ribas dedicou-se à preservação das tradições culturais e à história oral do povo angolano, tornando-se um dos maiores defensores da identidade africana. A sua obra reflecte o desejo de resgatar e valorizar as raízes culturais do seu país, unindo literatura e etnografia para imortalizar o legado da sua terra natal.

Óscar Ribas é um narrador que se apropriou das tradições orais em kimbundo, e também da sociedade crioulizante, sobretudo da região de Luanda, e as transformou em histórias (contos, romance) com sabor etnográfico, permanecendo como um documentalista dos dramas angolanos da gente negra, ao modo dos primeiros livros de Castro Soromenho”. Pires Larangeira sublinha ainda que “Cordeiro da Mata”, Óscar Ribas, Geraldo Bessa Victor e Castro Soromenho dedicaram-se a estudar e recolher elementos do saber africano das regiões que melhor conheceram. 

Óscar Ribas permaneceu como um documentador de tradições minguantes, optando por um estilo popular, bastante oralizado, como que tocado pela imperfeição, na linha de António de Assis Júnior e, depois da independência, de Uanhenga Xitu, que se opõe, de certo modo, ao conceito de literatura de tradição escrita ocidental. O narrador é sempre um documentador que conhece bem o que relata, mas que se sente algo distanciado das tradições residuais ou dos atavismos que observa e transmite.”

Entre as suas obras mais marcantes, destaca-se "Uanga", um romance que revela o sincretismo religioso e a cosmovisão africana. Além disso, em "Ilundo: Espíritos e Ritos Angolanos", Óscar Ribas explora profundamente as tradições, crenças e valores do povo angolano, combinando uma narrativa rica em detalhes culturais com um olhar etnográfico. A sua escrita oferece um retrato autêntico e sensível das práticas e da alma do povo angolano, contribuindo significativamente para a literatura de Angola.

Deficiente visual desde os 36 anos de idade, Óscar Ribas continuou a escrever e a pesquisar incansavelmente. O seu legado vai além das palavras; ele foi um verdadeiro guardião da cultura angolana, um mestre que imortalizou as tradições africanas e ajudou a fortalecer o sentimento de orgulho e identidade entre os angolanos. Óscar Ribas é, sem dúvida, uma referência imortal da literatura e da etnografia africana.



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