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Os bakongos ou simplesmente kongos são um dos grupos bantu mais significativos da África central

Os Bakongos, ou simplesmente Kongos, são um dos grupos bantu mais significativos da África Central, com uma história que se entrelaça profundamente com a formação de grandes reinos e a disseminação de influências culturais e linguísticas em toda a região.

O grupo Bakongo, devido à sua situação geográfica privilegiada, sobretudo, a da capital Mbanza-Kongo, como eixo central das influências dos grupos da costa atlântica e do interior do continente, encontra-se na encruzilhada de diversas correntes migratórias, culturais e comerciais, como os Yombe, Nsundi, Manyanga, Nlaza, Nsuku entre outras.

Os Bakongo têm uma relação histórica significativa com outros povos antigos de África. Eles compartilharam e trocaram influências culturais e religiosas com grupos como os Punu, Teke, Suku e Yaka. Além disso, o Reino do Kongo teve interações com exploradores e comerciantes europeus a partir do século XV, o que influenciou a dinâmica política e econômica da região.

Os Bakongo são um grupo Bantu que habita a região do vale do rio Congo, abrangendo partes da atual Angola, República Democrática do Congo, República do Congo e Gabão.  

Os Kongos formaram o poderoso Reino do Kongo, com a capital em M’banza Kongo (atualmente na província do Zaire, em Angola), que após a independência do país voltou a retomar a antiga designação de M’banza-Congo, que os portugueses haviam retirado após construção das primeiras igrejas no Estado do Kongo, e de terem baptizado a capital com o nome de S.Salvador.

As origens do reino do Kongo remontam ao fim do século XIII-XIV e ocupava um território que se estendia desde o Rio Kwilu Nyari (ao norte do Porto de Loango) até o Rio Loje (no norte de Angola), do Atlântico ao Rio Kwango, cobrindo todo o Baixo-Congo (na actual República Democrática do Congo), a Província de Cabinda e a República do Congo- Brazzaville. Este reino era conhecido por sua estrutura política centralizada e por sua capacidade de assimilação cultural, mantendo sua identidade mesmo ao incorporar influências externas.

O Reino do Kongo, em particular, alcançou um alto grau de organização política e militar, com um sistema de governo centralizado sob o controlo de um rei, ou "Manikongo". Este reino também é conhecido por sua rápida conversão ao cristianismo no século XVI, um movimento que foi tanto um reflexo das relações diplomáticas com Portugal quanto uma adaptação estratégica às novas realidades trazidas pelo contato com os europeus.

A cultura Bakongo é rica e diversificada, refletindo a história e as tradições do povo. A sociedade Bakongo é organizada em clãs e famílias extensas, com uma forte ênfase na ancestralidade e nos rituais espirituais. Entre os Bakongo, como para a maior parte dos Bantu, as práticas medicinais tradicionais se fazem com base no recurso das raízes, folhas e plantas, minerais, ossos de animais selvagens usados para o tratamento de doenças como infertilidade, impotência sexual, epilepsia, intoxicação por veneno, entre outras. A medicina natural é eficaz na cura de muitas doenças físicas e mentais. Resulta da combinação de conhecimentos, habilidades e práticas baseadas em teorias, crenças e experiências usadas para prevenção, diagnóstico e tratamento. Essas práticas são transmitidas oralmente de geração a geração. 

Um dos aspectos culturais mais destacados dos Bakongos é sua arte. 

Eles são conhecidos por suas esculturas em madeira, particularmente as figuras de poder chamadas "𝐧𝐤𝐢𝐬𝐢 𝐧𝐤𝐨𝐧𝐝𝐢", que são usadas em práticas religiosas para proteger a comunidade ou para resolver disputas. Estas figuras, muitas vezes cravadas com pregos, simbolizam o poder espiritual e são uma parte fundamental do sistema religioso Bakongo .Os Bakongos também têm uma rica tradição oral, com mitos, lendas e histórias que transmitem os valores, a história e a cosmologia do povo. Essas narrativas orais são vitais para a preservação da identidade cultural dos Bakongos, especialmente diante das mudanças e desafios trazidos pela modernidade.

Para os Bantu em geral e para os Bakongo em particular, E Muntu Kalendi vanga Konso Kwa Salu ko, Kondwa Kwa Nzambi o que significa que a pessoa humana não deve realizar qualquer tipo de trabalho/actividade sem a presença de Nzambi (Deus). Para eles Nzambi é o onipresente e onisciente. Por isso, a arqueologia a efetuar não deve esquecer-se desta grande realidade que afinal foi o primeiro ponto de partida de todas as controvérsias que irão opor os diferentes missionários, pesquisadores e estudiosos do Antigo Reino do Kongo. 

Para os Bakongo os Makota eram os detentores do poder econômico e comercial. Por esta razão e outras, o reino do Kongo tinha a sua própria moeda o Nzimbu, pequenas conchas de moluscos que eram apanhadas na Ilha de Luanda. Assemelhavam-se aos cauris utilizados como moeda nos reinos costeiros de África Ocidental. O Ntótila-a-Kongo era o detentor do monopólio da produção e da circulação da moeda em todo o reino, um caso idêntico aos reinos africanos.

Responsabilizava-se da comercialização dos produtos locais, cobre marfim, sal, borracha, os tecidos de ráfia, muito apreciados pelas suas populações, também conhecidos como lubongo, e trocá-los em outras paragens bem distantes das suas comunidades. Havia outro tecido muito comercializado nelele-a-mpoku. Por isso, os Bakongo são conhecidos como exímios comerciantes, feirantes e difusores dos produtos europeus para o interior e vice-versa, das outras comunidades africanas seus vizinhos.

A língua principal dos Bakongo é o Kikongo, uma língua Bantu que desempenha um papel crucial na preservação da identidade cultural do povo. O Kikongo é utilizado em contextos formais e informais, e os nomes próprios em Kikongo carregam significados profundos relacionados às circunstâncias do nascimento e às tradições familiares.O Kikongo é uma língua rica e versátil, com vários dialetos que refletem as diversas subcomunidades dentro do grupo Bakongo.

Historicamente, o Kikongo desempenhou um papel importante como língua franca em grande parte da África Central, especialmente durante o apogeu do Reino do Kongo. Sua influência se estendeu para além das fronteiras do reino, facilitando o comércio, a diplomacia e a disseminação cultural.



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