Os recentes pronunciamentos públicos do Presidente João Lourenço, proferidos aquando da visita a Angola do Primeiro-Ministro Português, Monte Negro, em relação às Reparações Compensatórias a África e aos povos africanos, foram um balde de água fria às expectativas daqueles que, tal como eu, alimentavam alguma esperança na possível compensação às vítimas do colonialismo português.
A julgar pelo que disse o Presidente, facilmente se conclui que o Executivo
angolano terá mudado radicalmente de posição. Vamos para os factos: o Jornal de
Angola do dia 15 de Novembro de 2023 publicou: ANGOLA DEFENDE COMPENSAÇÃO AOS
PAÍSES VÍTIMAS DO COLONIALISMO. Ainda, segundo o mesmo jornal, adianta que o
Ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de
Almeida, defendeu, em Accra, Ghana, a necessidade dos países africanos lançarem
uma Agenda Africana para promover a justiça e o pagamento de reparações
decorrentes do colonialismo. Adão de Almeida não parou por aí, também disse em
voz alta: “... a história da humanidade regista, nas suas mais tristes páginas,
séculos de colonização em que alguns povos ocuparam territórios de outros,
subjugaram os povos nativos, pilharam recursos naturais, impuseram padrões
culturais estranhos e comprometeram o futuro de várias nações ”. (Tudo dito)
Coitado de mim: caí completamente na finta. Emocionado, escrevi um texto de
apoio ao discurso africanista e revolucionário do jovem Ministro de Estado e
Chefe da Casa Civil do Presidente JLo. Inclusive, por ter achado que se tratava
de coisa séria, sugeri, no mesmo texto, publicado no Club-k, que se interagisse
com alguns países da América latina que estão avançados nesta matéria. Por
exemplo, a 21 de Setembro de 2022, o presidente da Guiana Britânica, Mohamed
Irfaan Ali, falou sobre as reparações compensatórias na Assembleia Geral das
Nações Unidas. Ele considerou o comércio transatlântico de escravos e a
escravização africana como uma afronta à própria humanidade e instou os
descendentes dos traficantes de escravos da Europa a se oferecerem a pagar
reparações pelos crimes históricos. (Tudo dito)
É claro que todos nós sabemos que não há dinheiro que pague os crimes
contra a humanidade cometidos pelos europeus. Mas temos de exigir que se faça
alguma compensação simbólica. Pelo menos isso!
Da nossa parte, o Executivo deveria encorajar o Governo português a rever a
sua posição oficial, pese embora o presidente Marcelo Rebelo de Sousa já
tivesse dado publicamente o seu ponto de vista a favor das vítimas. (Por um
triz, enfrentaria impeachment).
Ora bem: não fica bem sermos nós, as vítimas da escravatura, a remar contra
a maré. Deveríamos apoiar efusivamente o pronunciamento do presidente Marcelo.
Infelizmente, Angola, antiga Trincheira Firme da Revolução em África,
preferiu desistir da luta e atirou a toalha aos pés de Monte Negro.
0 Comentários