O recente episódio envolvendo Hitler Samussuku e a resposta desesperada da direcção do MPLA revela muito sobre o estado actual do partido que, sob a liderança de João Lourenço, parece cada vez mais encurralado pela resistência crescente, especialmente entre os jovens angolanos. A divulgação de fake news pelas brigadas digitais do MPLA, em colaboração com o Serviço de Inteligência e o Gabinete de Acção Psicológica, é um reflexo claro de um governo que, em vez de confrontar críticas e demandas por mudanças de maneira transparente e democrática, opta por ataques pessoais e tentativas de difamação.
Hitler Samussuku, um nome que ressoa entre
os jovens activistas angolanos, tem se destacado por sua postura firme desde
2011 contra as injustiças do regime e, ao que parece, essa firmeza é justamente
o que mais incomoda o governo. A tentativa de desacreditá-lo, associando-o a
práticas desonrosas e acusando-o de condutas morais questionáveis não passa de
uma estratégia mal calculada para desviar a atenção da verdadeira questão: o
crescente descontentamento com a ditadura que João Lourenço representa.
O texto publicado por Hitler Samussuku, no
qual ele convoca a juventude a se levantar contra a opressão, parece ter tocado
em um ponto sensível, desvelando a vulnerabilidade do governo diante de um
movimento cívico que se recusa a ser silenciado. A tentativa de calá-lo, por
meio de campanhas de desinformação e difamação, expõe a fragilidade de um
regime que, embora possua vastos recursos, tem dificuldade em enfrentar uma crítica
que não pode ser comprada ou intimidada.
A integridade de Hitler Samussuku é, sem dúvida, um espinho no lado do MPLA. O facto de ele ter recusado ofertas de suborno, como a casa no Zango Zero, e resistido a outras tentativas de cooptá-lo, é emblemático do tipo de liderança cívica que o governo teme. Para um partido acostumado a lidar com dissidências por meio de intimidação ou coação, a presença de alguém como Hitler Samussuku, que se mantém firme em suas convicções, representa uma ameaça significativa.
As comparações entre o MPLA e regimes autoritários históricos, como o estalinista, não são feitas levianamente. A produção sistemática de fake news e a perseguição de opositores são táticas comuns em governos que veem no controle da narrativa e na supressão da dissidência as únicas formas de manter o poder. João Lourenço, que já enfrenta críticas internas e externas, parece governar como se cada dia fosse o último, ignorando o futuro em sua busca desenfreada por manter o controle.
O futuro do MPLA sob a liderança de João
Lourenço está cada vez mais incerto, especialmente à medida que mais vozes como
a de Hitler Samussuku se levantam e se recusam a ser silenciadas. O facto de
Hitler Samussuku ter sobrevivido a um rapto em 2019, prisões de mais de um ano
em 2015 e continuar sua luta sem medo é um testemunho não apenas de sua
coragem, mas também de uma resistência que o governo subestima. Em última
análise, o regime de Lourenço pode descobrir que a integridade e a determinação
daqueles que lutam por um futuro melhor para Angola são forças que nem todas as
fake news do mundo podem derrotar.
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