O Presidente João Lourenço gastou em viagens o dobro do que Angola ganhou com a recepção de 92,9 mil turistas que pisaram o território nacional para turismo. O Plano Nacional de Fomento ao Turismo (PLANATUR), divulgado este ano no Diário da República, indica que o turismo em Angola rendeu 21 milhões de dólares americanos em 2023. Neste mesmo ano, João Lourenço, segundo dados compilados pelo Club-K, realizou viagens a sete países que custaram mais de 44 milhões de dólares.
A semana passada, João Lourenço voltou a viajar para o exterior com
passagem em vários países iniciando por Portugal. A comitiva presidencial
angolana que esteve em Lisboa para as celebrações do “25 de Abril”, terá gasto
mais de 300 mil euros apenas em acomodação (hotel) durante as três noites na
capital portuguesa.
A comitiva presidencial angolana ocupou durante três dias 90 quartos dos 109 que o Olissipo Palace Hotel em Lisboa possui. Cada quarto custa mil euros. Lourenço e a esposa ficaram na Suíte Presidencial cujo preço ronda os 5.000 euros por noite. Ao total, terão gasto 300 mil euros em acomodação, fora da alimentação, aluguer de viaturas, telecomunicações.
Lourenço, tem sido alvo de críticas quanto aos gastos nas suas viagens ao
exterior. Em 2022 e 2023, realizou várias deslocações internacionais, algumas
das quais foram consideradas luxuosas e dispendiosas pela imprensa e pela
sociedade civil. Porém, seria no segundo ano do seu mandato, durante uma visita
a Espanha, que o jornal La Nueva España reportou que o mesmo se fez transportar
num luxuoso Boeing 787 VIP, pertencente ao grupo chinês HNA e cujo aluguer
rondava os 64 mil euros a hora. Para uma viagem de três dias, João Lourenço
gastaria 4.608.000 euros (quatro milhões seiscentos e oito mil).
Em Janeiro de 2023, João Lourenço também foi criticado por ter viajado com uma
comitiva alargada ao Brasil para a tomada de posse do Presidente Lula da Silva.
Essa delegação destacada pela imprensa brasileira foi considerada uma das mais
numerosas e luxuosas presentes no evento. Foi por via desta viagem que se soube
que nas suas deslocações ao exterior, o Chefe de Estado angolano usa três
aviões: um para ele e a esposa, outro para a delegação ministerial, e outro que
os acompanha transportando os mais de 100 seguranças ou equipe de apoio.
No final do ano de 2023, Lourenço viajou com a família para a Ilha de
Seicheles, totalizando 33 integrantes, numa viagem de sete dias que se estimou
ter orçado entre 3 a 5 milhões de dólares.
No dia 24 de Abril, Lourenço viajou a Lisboa, depois seguiu para Seul, Coreia
do Sul, e depois para Orlando (EUA), onde costuma visitar seu médico. Para o
dia 3 de maio, o Presidente segue para a cidade de Dala, onde participa de um
fórum empresarial. O regresso está previsto para o dia 6 de maio. Ao total são
13 dias de viagens. Em custos apenas da sua aeronave, e se considerar o luxuoso
Boeing 787 VIP alugado à empresa China, que cobra 64 mil euros a hora, a
transportação do Presidente angolano para esta recente digressão poderá ter custado
aos angolanos, apenas em despesas de avião cerca de 16,6 milhões de euros (260h
x 64 mil euros = 16,6 milhões de euros).
No ano passado, o Presidente, João Lourenço, visitou cerca de sete países:
EUA, Emirados Árabes Unidos, Espanha (para visitar a esposa adoentada), Japão,
Itália, Quênia, Reino Unido (coroação do Rei). É certo que João Lourenço chegou
a cada país num dia, no dia seguinte cumpriu com a sua agenda de recepção aos
seus homólogos, no dia seguinte reuniu-se com empresários e no quarto dia
regressou a Angola. No mínimo, o estadista angolano terá feito 4 dias em cada
uma destas vezes. Recorrendo à tarifa de 64 mil euros a hora, para cada viagem
João Lourenço estaria a gastar apenas em avião cerca de 6 milhões de euros.
Tendo em conta que em 2023 viajou para 7 países, o Estado angolano terá
gasto 42 milhões de euros para custear os gastos feitos apenas em aeronave,
fora dos hotéis, ajudas de custo e outros gastos.
No início do mês de Abril, o Plano Nacional de Fomento ao Turismo
(PANATOUR), publicado no Diário da República, indicou que Angola rendeu em
turismo 21 milhões de dólares americanos no ano de 2023. “A entrada de turistas
no ano passado rendeu ao país 21 milhões de dólares americanos, fazendo fé no
diagnóstico do turismo nacional constante no PLANATUR, menos 3 milhões de
dólares americanos do que em 2022, contribuindo assim com menos de 1% para o
Produto Interno Bruto”, escreveu o Jornal Expansão, sobre o mesmo tema.
De acordo com cálculos comparativos, para o ano de 2023, o Presidente João
Lourenço gastou em viagens o dobro do que o país rendeu com os 92,9 mil
turistas que pisaram o solo angolano.
Esses gastos excessivos têm gerado debates sobre a gestão financeira e a necessidade de maior parcimônia nas viagens presidenciais. Alguns argumentam que esses recursos poderiam ser direcionados para resolver problemas sociais no país.
É importante recordar que durante a tomada de posse do novo Ministro do Turismo de Angola, o Presidente da República, João Lourenço, expressou preocupação com o fato de Angola não atrair muitos turistas, apesar de possuir todas as condições favoráveis, tendo solicitado uma análise detalhada para entender as razões por trás dessa situação.
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