Os Governos britânico e norte-americano manifestaram, nesta terça-feira, preocupação com a execução de mais de 200 civis, incluindo 56 menores, no Norte do Burkina Faso, e apelaram às autoridades para “investigarem exaustivamente os massacres".
"Apresentamos as nossas mais profundas
condolências aos entes queridos de todas as vítimas da violência perpetrada no
Burkina Faso nos últimos meses, incluindo dos cristãos e muçulmanos mortos por
grupos terroristas nos seus locais de culto, bem como dos membros das forças
armadas", afirmam os dois países numa declaração conjunta, na qual pedem
que os responsáveis sejam responsabilizados. A todos os intervenientes no
Burkina Faso, os Estados Unidos da América (EUA) e o Reino Unido apelam para
que "respeitem os direitos humanos e adiram ao direito humanitário",
defendendo ser "a única solução a longo prazo para punir o terrorismo é
desenvolver uma governação baseada na lei".
Na nota conjunta, citada pela Reuters, os dois países aproveitaram, também, para manifestar repúdio pelo encerramento de meios de comunicação social, incluindo a britânica BBC África e a americana Voice Of América (VOA), por terem publicado um artigo da Human Rights Watch (HRW) sobre a execução de mais de 200 civis.
"Os meios de comunicação social livres e
independentes devem efectuar investigações e reportagens sem receio de
represálias”, sublinham, exortando o Conselho Superior de Comunicação (CSC) do
Burkina Faso a reconsiderar as suspensões.
A HRW afirma, no relatório, que este é um dos piores
massacres desde 2015. Segundo a ONG, as vítimas na aldeia de Nodin eram 44,
enquanto em Soro eram 179, embora não tenha feito referência à aldeia de
Komsilga, onde também foram registadas execuções.
"O fracasso repetido das autoridades do Burkina Faso
na prevenção e investigação de tais atrocidades realça a razão pela qual a
assistência internacional é fundamental para apoiar uma investigação credível
de possíveis crimes contra a humanidade", afirmou a directora executiva da
HRW, Tirana Hassan, na semana passada.
O Burkina Faso, liderado desde 2022 por uma Junta
Militar, chefiada por Ibrahim Traoré, registou um aumento significativo da
insegurança desde 2015, com ataques de afiliados dos grupos terroristas Al
Qaeda e do Estado Islâmico que levaram a uma onda de deslocados internos e
refugiados para outros países da região.
No relatório, publicado na quinta-feira, a Human
Rights Watch acusou o Exército do Burkina Faso, que luta contra grupos
extremistas islâmicos armados, de ter "executado pelo menos 223
civis", incluindo 56 crianças, durante dois ataques no Norte do país.
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