O analista britânico Angel Thomashausen afirmou que João Lourenço, actual presidente angolano, não criou condições para que o país seja liderado por civis depois da sua retirada do poder.
Durante o programa de rádio da Capital em Birmingham, Inglaterra, o especialista em relações internacionais, com especialização em África, avançou que o Presidente João Lourenço não soube interpretar os sinais do tempo e é o único responsável pelo estado incomum em que o MPLA se encontra.
"O Presidente João Lourenço não compreendeu a razão pela qual José Eduardo dos Santos o escolheu como seu sucessor, foi dominado pelo ódio e sacrificou o MPLA e o povo angolano em geral. Com base na situação social e política angolana, posso afirmar que João Lourenço não criou condições para que o país seja liderado por civis. Além disso, Angola enfrenta seu pior momento desde a conquista da paz, em um cenário volátil no qual um pequeno erro poderá resultar em um conflito armado com repercussões muito maiores do que no passado, já que, actualmente, o ódio também está associado à extrema pobreza".
Quanto a um terceiro mandato, Angel Thomashausen avançou que não acredita que João Lourenço tenha a intenção de concorrer a um terceiro mandato. Ele enfatizou que, se essa for a intenção do presidente, não há dúvida de que será uma tentativa infrutífera. "O MPLA não é apenas um partido, é uma 'CAUSA'. O Presidente Lourenço está a beneficiar de um período de graça concedido pelos militantes, mas esse prazo está a esgotar e, no momento certo, a decisão sobre seu sucessor não será de João Lourenço. Ele falhou e perdeu a legitimidade para conduzir o processo de sucessão.
O analista britânico acrescenta que, semelhante à FRELIMO, o MPLA terá pela primeira vez múltiplas candidaturas apenas para dar uma imagem de pluralidade. No entanto, o próximo presidente será necessariamente um General, aceite pelos militares, com experiência de governo e respeitado internacionalmente, uma vez que um dos maiores desafios do país é atrair investimentos para impulsionar a economia.
"Outro desafio para o futuro presidente do MPLA será restaurar a identidade original da organização, que foi descaracterizada pelo Presidente Lourenço, unificar um partido que claramente está fragmentado e promover uma verdadeira valorização de quadros. O último congresso ordinário, considerado o pior da história do partido, deixou muitas feridas abertas que continuam a sangrar", concluiu o analista.
Angel Thomashausen salienta que a FRELIMO e o MPLA precisam saber interpretar o cenário actual, tanto africano quanto mundial, com objectividade, e as avaliações necessitam ser profundas, uma vez que está em jogo a sobrevivência desses dois partidos históricos.
0 Comentários