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TÂO PREVISÍVEIS ELES SÃO…

 Num exercício teatral, típico de regimes autoritários, o secretário do Bureau Político do MPLA para a Informação, Esteve Hilário, convocou esta manhã a imprensa para “exortar as centrais sindicais a privilegiarem o diálogo como forma de resolução dos pontos divergentes do caderno reivindicativo, voltando para o efeito à mesa de negociações”.

Na conferência de imprensa, Esteves Hilário teve a seu lado Reis Júnior, o novo chefe da bancada parlamentar do MPLA.

Ironicamente, ou talvez não, na sexta-feira, 15 de Março, o Grupo Parlamentar do MPLA rechaçou uma proposta do seu homólogo da UNITA em que este apresentou “uma proposta de voto de saudação à concertação social entre o Executivo e as Centrais Sindicais, e submete-la à discussão e votação pelo Plenário da Assembleia Nacional”.

A proposta do GPU visava  incentivar o diálogo, “que tem juntado à mesma mesa representantes do Executivo angolano e Sindicatos, na busca de soluções para evitar a greve e atender às preocupações constantes no caderno reivindicativo dos trabalhadores”.

O Grupo Parlamentar do MPLA rechaçou liminarmente a proposta com a alegação de que era extemporâneo   debater o assunto.

O certo é que entre sexta e segunda-feira, período que coincidiu com a ausência e o regresso do e ao país do Titular do Poder Executivo, João Lourenço, o MPLA “descobriu” que as “reivindicações dos trabalhadores, por mais legítimas que sejam, não podem impor risco à solvabilidade das contas públicas, nem colocar as empresas e famílias numa situação que as impossibilite de pagar os salários, o que redundaria num clima de desemprego generalizado”.

Muito cioso da solvabilidade das contas públicas, o secretariado do MPLA não fez um único reparo à numerosa delegação que o Presidente da República levou a China, onerando, desnecessariamente, os cofres públicos.

Convocada no sábado, a conferência de imprensa desta manhã é a prova de que o MPLA não trocou o chip. Continua a misturar num mesmo as actividades partidária e governativa.

Continuando agarrado à velha quimera, de que é a “força dirigente do Estado”, de que se ufanou durante décadas, é incapaz de perceber que os sindicatos são representantes dos trabalhadores  e não de militantes.

De tão repetido, já são previsíveis as consequências do expediente usado esta manhã pela direcção do MPLA: carta branca à Polícia para carregar sobre quem ousar contrariar os caprichos do Partido/Estado. Ou seja, os grevistas serão recebidos à bastonada, mordidas de cães e balas.

Um modos operandi a que os angolanos já estão habituados.

O MPLA tornou-se num partido muito previsível.

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