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SÓ OS GRANDES HOMENS RECONHECEM OS SEUS ERROS

 Estive em Brazaville a participar numa conferência e constatei ao vivo com os meus olhos in loco, in persona, algo que eu jamais imaginaria num país que foi o berço da nossa independência, que hospedou Agostinho Neto e toda a liderança do MPLA.

Vi com os meus olhos in loco, fisicamente em pessoa,, que todos os empreendimentos com um mínimo de qualidade  eram ( são) de expatriados. Há nativos a atender clientes, mas olhando mais atentamente, o dono é estrangeiro. Os nacionais,  NADA, apenas no low profile.. Fiquei profundamente consternado, desiludido, apoplético com a cara!!! profundamente amarrotada, o estômago revirado e o intestino enrodilhado  E jurei a mim mesmo, prometi a mim mesmo, que isto não poderia acontecer na minha terra, a minha Angola.

   publiquei diversas reflexões neste e noutros fóruns a minha opinião acerca do fenômeno “marimbondagem”.  Voltarei a repetir e peço as todos que tenham canais/links ao Doutor João Teta e demais membros do Comitê Central do MPLA que transmitam a minha humilde e modesta opinião.

 O fenômeno marimbondagem foi consequência da política superiormente assumida de criação de uma elite económica para assumir a independência económica de Angola, i.e. evitar que a economia de Angola ficasse na mão de estrangeiros, pela via da chamada “acumulaçao primitiva do capital.(Nota do Correio Angolense: José Eduardo dos Santos incentivou a acumulação primitiva do capital em África na mensagem sobre o Estado da Nação, do dia 15 de Maio de 2013).

 O objectivo era nobre, peregrino como diria, e muito bem, o falecido e inesquecível D. Damião Franklin, porque nenhum Estado independente pode permitir que a sua economia fique dominada por estrangeiros. . O processo  falhou porque se pôs a ética de lado Primeiro a justiça estava e continua a estar subordinada ao poder executivo. Sem justiça funcional, nada funciona!!!

 Não se criaram mecanismos de controle e supervisão/fiscalização.  Havia imunidade e impunidade total.  Daí o descalabro total. Contaram-me que um certo ministro, que ainda está vivo e por razões éticas não posso divulgar, esteve envolvido num projecto envolvendo enormes fluxos financeiros de Angola para o exterior. Após Angola cumprir os pagamentos, os estrangeiros quiseram lhe entregar a comissão da praxe.

 O referido ministro respondeu que não tinha pedido comissão, não precisava dela, mas os estrangeiros argumentaram que era da praxe e que esse montante tinha sido incluído na estrutura de custos e portanto, era de Angola. O referido ministro então aceitou, com a condição do referido montante ser convertido em viaturas que seriam distribuídas pelos responsáveis até aos chefes de departamento do Ministério e das empresas públicas dependentes desse ministério.

 Quando  as viaturas chegaram e começaram a ser distribuídas, a história ficou pública. Toda a gente ficou a saber que havia grandes comissões em negócios do estado, que aquele ministro teve a coragem de indirectamente expor e denunciar. Esse ministro foi exonerado e nunca (mais) foi colocado num cargo público. Atravessa o deserto até hoje. Conheco-o pessoalmente, mas como não lhe pedi autorização, não posso divulgar a sua identidade.

 Esse antigo ministro deveria ter ficado com o dinheiro, emponderar-se economicamente e ter criado um empreendimento qualquer. Este era o superior desígnio! Era esta a orientação! Portanto, a marimbindagem  foi umapolítica de Estado.

 Falhou e portanto sendo uma experiência falhada, fracassada, era natural e lógico que o Presidente João Lourenço  fizesse uma ruptura. No entanto, Marcolino Moco e vários politólogos aconselharam a via da negociação, do soft-power. O JLO optou pelo hard-power para mostrar que era o novo galo na capoeira. Ora, os marimbondos não cometeram nenhum crime. Por definição, crime é um acto ilícito proibido e punível pela lei penal. Tendo sido uma política de Estado, a marimbondagem não era crime.

 JLO pretendeu fazer uma ruptura com a marimbondage, ao estilo de novo rei, nova era, nova lei. Mas… A lei não pode ter efeitos retroactivos. Os países hospedeiros dos dinheiros desviados de Angola jamais devolverão o dinheiro desviado de Angola. As eventuais comissões ou delegações que tentassem negociar com os marimbondos iriam beneficiar os seus interesses e jamais os de Angola e dos Angolanos. São biliões de dólares que estão em jogo. Não há capacidade para negociar.

 Na minha modesta opinião, a melhor solução é reconhecer o fracasso do hard-power e mudar para uma estratégia mais subtil que possibilite confiança e segurança aos marimbondos e o retorno gradual de parte dos biliões desviados.

 Não concordo em absoluto (100%) com as teses/propostas do Dr. João Teta.. Concordar com ele, significa concordar com a criminalização da marimbondagem, e, mais grave ainda,  com um tratamento diferenciado dos criminosos marimbondos, os VIPs/PEPs (“Politically Exposed Persons” i.e. pessoas politicamente expostas). (…)

 O Dr. João Teta pretende a existência de duas classes de marimbondos: os PEPs e os não PEPs. Os primeiros com tratamento diferenciado para não “sujar” o partido. Dura lex, sed lex!  “A lei é dura, mas é a lei”. O significado desta expressão está relacionado com a ideia de que, por mais duras e severas que possam ser as leis, elas devem ser cumpridas. A lei também deve ser cega e aplicada de forma igual para todos, independentemente da condição social e económica do infrator.

 Para mim, para bem de Angola e dos angolanos, deve-se considerar que não houve crime, mas sim erros. Devemos despenalizar completamente  os marimbondos, devolvendo-lhes todos os bens confiscados (Uniteis, Keros, etc) para mostrar boa fé e criar um ambiente de confiança.

 Começar nova era, proporcionando justiça independente do poder executivo, um ambiente e leis anti-oligopólios, e condições efectivas para o retorno progressivo dos capitais desviados. Deixem o Manuel Vicente, os filhos do Zedu, o Orlando  Veloso da ex-Sonangol Imobiliária e outros  voltarem. O antigo ministro Augusto  Tomás já está solto. Soltem também o S. Vicente e lhe devolvam tudo.

 Só os grandes homens reconhecem publicamente os seus erros e se esforçam por corrigir e evitar repeti-los. Como o JLO está no seu último mandato e não vejo viabilidade de contornar essa limitação, aconselho-o a ser um GRANDE HOMEM, reconhecer o fracasso do hard-power e mudar de estratégia.

 O heroico e generoso povo angolano vai compreender que como humano, João Lourenço  pode falhar, pois só não falha quem não tenta, ou os mortos que já não podem fazer nada. E termine o seu mandato, saindo pela porta grande. O caminho do ódio e da revanche não nos vai levar a caminho algum. Vai aumentar as clivagens, as divisões internas e facilitar o domínio de Angola pelos interesses estrangeiros.

 Os marimbondos desviaram cerca de 600 biliões de dólares. Criando uma atmosfera de de confiança e segurança, eles regressarão, porque lá fora serão sempre outsiders, cidadãos de segunda, e lentamente retornarão os dinheiros desviados.

Eles têm dinheiro suficiente para alavancar Angola e dispensar financiamentos tóxicos do exterior (EUA, UE, China, Rússia, Índia, Árabes, etc). Todos esses financiamentos forçam alinhamentos e outros constrangimentos contra-natura.

Os árabes trazem o islamismo. Não sou anti-islâmico, mas todos vemos que dentro do islamismo há correntes moderadas e as radicais e já sabemos o que nos espera. Tolerância religiosa, sim, apenas para as que já existem.. Basta olhar para a Nigéria e Moçambique e saber o que nos espera. Se relaxarmos sob  a balela da tolerância religiosa  e deixarmos o islamismo crescer, dentro de 20 a 30 anos, Angola será como a Nigéria de hoje.

Não à islamização de Angola. Já temos religiões suficientes. O texto está a circular pelas diferentes plataformas das redes sociais. O Correio Angolense publica-o com pequenas alterações, que, contudo, não lhe perturbam o conteúdo.


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