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Pequenos Estados insulares estão sob uma ameaça contínua

 A comissária da União Africana Josefa Sacko disse, ontem, na cidade da Praia, que os pequenos Estados insulares vão continuar a ser ameaçados pela subida do nível do mar e pelos ciclones tropicais e extratropicais.

Josefa Sacko inclui, ainda, nessas ameaças, o  aumento da temperatura do ar e a alteração dos padrões de precipitação.

A diplomata teceu estas considerações na Conferência Anual de Política Externa, que decorre desde o dia 20 Março.

Segundo a comissária africana, a maioria destes países são, também,  frágeis a crises interligadas nos domínios da energia, alimentação, dívida e alterações climáticas.

Josefa Sacko avançou que, nos últimos 50 anos, os pequenos Estados insulares em desenvolvimento perderam cerca de 153 mil milhões de dólares devido a riscos relacionados com o tempo, clima e água.

"Portanto, as alterações climáticas afectam toda a economia, no entanto, o impacto na agricultura torna-se no principal factor desencadeador. Os dados disponíveis dão conta de que os efeitos das alterações climáticas na agricultura geram repercussões significativas e negativas noutros sectores, desde a indústria aos serviços e à exploração mineira”, frisou.

A diplomata assegurou que estes efeitos podem ser invertidos através do aumento de investimentos de adaptação na agricultura, no investimento na conservação dos solos e da água, de modo a atingir 40 a 90% das terras cultivadas, que ajudaria a evitar os impactos negativos das alterações climáticas nestes países.

Ainda assim,  considerou que  a  frequência, a intensidade e a escala das catástrofes relacionadas com o clima , tiveram um impacto negativo nos rácios da dívida em relação ao PIB nos Países  insulares, atrasando o seu progresso no desenvolvimento sustentável.

Na sua óptica, apesar de alguns progressos significativos na actualização das áreas prioritárias destes quadros, cujos resultados serão fundamentais para responder aos desafios climáticos que os Estados insulares estão actualmente a enfrentar, defende  que os mesmos  devem  alinhar as  políticas, estratégias e planos de acção em matéria de clima com a estratégia e plano de acção da organização continental para as alterações climáticas e o desenvolvimento resiliente (2022-2032).

O plano de acção que inclui a recuperação verde (2021-2027), que salienta a necessidade de reconstruir melhor através de intervenções verdes sustentáveis, atendendo, simultaneamente, às iniciativas de recuperação pós-Covid-19 e às necessidades da Agenda Pós-Malabo, fazem parte da estratégia da UA.

Consta,  neste quadro de reforço, a "Declaração de Moroni”  para a acção oceânica e climática em África,  que sublinha a necessidade de reconhecimento colectivo das especificidades dos Estados Insulares Africanos e a necessidade da sua integração nas políticas, por um lado.

Por outro,   salientou que estas iniciativas e quadros continentais e regionais, incluindo a  " Grande Muralha Azul”, devem servir  como uma abordagem emblemática, transformadora e colectiva para promover a resiliência e a atenuação e adaptação às alterações climáticas, para  alavancar a Economia Azul sustentável em África.

"Agora, mais do que nunca, é urgente reforçar a cooperação internacional, incluindo a cooperação Norte-Sul, Sul-Sul e triangular, para garantir parcerias genuínas e duradouras, tanto a nível regional como internacional”, concluiu Josefa Sacko.

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