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Mais de sete mil turistas visitaram Memorial da Batalha do Cuito Cuanavale

 Um total de 7.657 turistas, entre nacionais e estrangeiros, visitou, desde o ano passado, o Memorial à Vitória da Batalha do Cuito Cuanavale, que homenageia a coragem dos protagonistas do confronto militar cujo desfecho ditou o fim do regime do apartheid, na África do Sul, a libertação de Nelson Mandela e a Independência da Namíbia.

O administrador do Memorial, coronel António Tchilulu Kalussua, destacou o interesse de muitos turistas nacionais e estrangeiros, assim como delegações governamentais e historiadores, provenientes principalmente da Namíbia, África do Sul, Zâmbia, Botswana, Cuba, Rússia, Estados Unidos da América, Alemanha, Portugal, Espanha e Inglaterra.

António Tchilulu Kalussua informou que, além do memorial, os turistas visitam também os destroços do material bélico da batalha que envolveu as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) e as tropas do regime do apartheid no período de 15 de Novembro de 1987 a 23 de Março de 1988, encantos naturais do Cuito, o bairro Samaria e o Triângulo do Tumpo, zona que acolheu os últimos combates.     

O Memorial dispõe de nove guias turísticos, dos quais cinco pertencentes às Forças Armadas Angolanas (FAA) e quatro civis, funcionários da Administração Municipal do Cuito Cuanavale, que explicam aos turistas os contornos da batalha e mostrar as belezas naturais do município.

Visitantes pagam 350 e 500 Kz

Sem revelar o montante arrecadado no período em referência, o responsável esclareceu que os visitantes pagam 350 kwanzas (nacionais) e 500 kwanzas(estrangeiros) para ter acesso ao Memorial. Esse dinheiro, disse, serve para a manutenção de alguns equipamentos essenciais, limpeza e despesas com o pessoal.

 Segundo o administrador do Memorial, o fim da Batalha do Cuito Cuanavale, que se estendeu até Março de 1988, contribuiu para a consolidação das bases para o alcance da paz definitiva, com a assinatura dos acordos de Nova Iorque, Bicesse/Portugal, Lusaka/Zâmbia e do Luena.

"Os feitos da Batalha do Cuito Cuanavale são enormes e, por si só, trouxeram um grande impacto, pois, com a paz, iniciou-se a construção de infra-estruturas públicas, como centralidades, hospitais, escolas, estradas, caminhos-de-ferro, aeroportos, que permitiram a interligação nacional e internacional até às Repúblicas vizinhas da Zâmbia, Namíbia e Democrática do Congo. 

Candidato a Património Cultural da Humanidade

O coronel afirmou que o Memorial tem sido, nos últimos tempos, alvo de muitos estudos e de intensas discussões para a sua elevação a Património Cultural da Humanidade.

A intenção, disse, decorre há dois anos e várias comissões multissectoriais do país e representantes da UNESCO visitaram o município do Cuito Cuanavale para inquirir e estudar as vias certas para sua elevação a Património da Humanidade.          

O Memorial aos Heróis do Cuito Cuanavale foi inaugurado pelo ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no dia 19 de Setembro de 2017, já recebeu visitas de alguns presidentes da SADC, sobretudo da Namíbia, República Democrática do Congo, República do Congo e centenas de diplomatas de embaixadas acreditadas em Angola  

Arquitectura do memorial

A primeira fase da construção do Memorial, numa área de 60 hectares, tem como peça proeminente o monumento da Bandeira, com 55 metros de altura e mil metros quadrados de área útil, revestido de pedras graníticas e elementos em bronze.

O que chama a atenção no monumento é a altura, equivalente a um prédio de 10 andares, da representação de uma arma de guerra do tipo AKM, envolvida pela Bandeira Nacional, que possui um miradouro no "ponto de mira”, focado no Triângulo do Tumpo, local dos últimos confrontos da Batalha do Cuito Cuanavale.

A estes juntam-se a escultura dos Soldados, o grupo escultórico e a parede dos heróis, que visa eternizar a grandeza e o sacrifício dos angolanos contra as tropas do regime do apartheid, que então vigorava na África do Sul.

O Monumento aos Soldados é uma escultura em bronze, que representa dois militares das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), com 21,5 metros de altura e peso de 110 toneladas, a segurarem o mapa de Angola, que simboliza a defesa da integridade territorial do país.

O grupo escultórico, feito, também, de bronze, com 50 metros de comprimento, representa a sequência de três momentos da Batalha do Cuito Cuanavale, nomeadamente a concentração das unidades, batalha defensiva e caminhada rumo à vitória.

Parede dos heróis

A parede dos heróis, com uma extensão de 75 metros de comprimento, representa a homenagem e respeito pela determinação dos heróis da Batalha. As esculturas em bronze simbolizam quatro momentos principais, designadamente a homenagem aos heróis da batalha, a educação patriótica, a guerra, destruição, o sofrimento do povo, a firmeza e determinação dos angolanos na vitória.

O Memorial comporta, ainda, um Museu a céu aberto, com a exposição de todo o material bélico usado durante os combates pelas FAPLA, nomeadamente as viaturas blindadas BMP-1 e 2, armas de artilharia e meios aéreos de transporte e de combate.

O projecto inclui, igualmente, uma vasta sala de conferências, biblioteca, dois blocos reservados ao lazer e 25 casas protocolares. Existem, ainda, zonas infra-estruturadas, que em breve vão albergar edifícios de hotelaria, restauração, recreio e investigação cultural e científica.

Guerra destruiu quase tudo

João Elias Dala, de 55 anos, antigo efectivo das FAPLA, na altura destacado numa das brigadas no Cuito Cuanavale, disse que os combates contra as tropas do regime do apartheid da África do Sul causaram milhares de vítimas mortais e feridos.

"O apartheid foi um regime de segregação racial imposto na África do Sul por um partido de extrema-direita. Esse regime, que vigorou de 1948 a 1994, com a realização das primeiras eleições multirraciais, ganhas pelo partido ANC, além de ter ocupado a Namíbia durante muitos anos, apoiava também a guerrilha da UNITA, para derrubar o Governo e consequentemente expandir o regime racista em Angola”, lembrou.

João Elias Dala disse que a guerra destruiu quase tudo que existia no município do Cuito Cuanavale, deixando vários escombros, situação invertida nos dias de hoje.

O ex-militar destacou que, actualmente, a sede municipal do Cuito Cuanavale ganhou dezenas de infra-estruturas sociais que mudaram a imagem da vila e, consequentemente, as condições de vida das populações.  

Entre as infra-estruturas, citou o Aeroporto 23 de Março, uma central térmica de 7.5 megawatts, a central de captação, tratamento e distribuição de água com capacidade de bombear 300 mil metros cúbicos/dia, unidades sanitárias, escolas e estradas.

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