Cerca de 14 anos depois da proibição de entrada em Angola de viaturas de segunda mão, a fronteira de Santa Clara, na província do Cunene com a vizinha Namíbia ressente-se do impacto do volume de negócios nas trocas comerciais.
A economia da província sofre e há apelos à anulação da medida que
pretendeu impedir a entrada de carros velhos, por considerar que entra em
choque com as disposições da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC).
A fronteira de Santa Clara já chegou a ser o principal ponto de entrada de
viaturas no sul de Angola.
António Francisco empreendedor do ramo da restauração e residente há anos na Santa Clara, lembra com saudades os bons tempos de negócios com a venda de viaturas na fronteira.
“Assim que cortaram esta fase de compra de carros de volante à direita
baixou consideravelmente o comércio, hotelaria e outros serviços”, conta.
Numa altura em que Angola preside a SADC, o presidente da Câmara de
Comércio e Indústria do Cunene vê contradição na manutenção desta medida,
quando muitos países desta sub-região africana servem-se de veículos de segunda
mão para impulsionar as suas economias.
“O Governo cortou a importação de carros de segunda mão, até os países
ricos permitem... um país pobre!? Se se fizesse o cálculo que a falta de carros
de segunda mão não permite o escoamento do pouco que se produz, se se fizessem
os cálculos de que para além de escoar o pouco que se produz não se consegue
mandar para lá o que é necessário para produzir, sementes, etc não se leva de
mota!”, aponta Jorge Chimuandi.
Com a aquisição de viaturas cada vez mais difícil para os cidadãos comuns,
o director do Gabinete de Desenvolvimento Integrado do Cunene não esconde o
desejo de ver o negócio ser reaberto.
“O país ganhou muito dinheiro com isso, tanto mais é que a fronteira de
Angola da Santa Clara era a que mais colocava recursos financeiros nos cofres
do Estado. Vamos augurar que isso volte a acontecer novamente”, diz Gilberto
Shomongula.
A importação de viaturas usadas com mais de três e cinco anos foi proibida
pelo decreto presidencial n.º 135/10, que actualiza e regula a actividade de
importação, comércio e assistência técnica a equipamentos rodoviários.
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