Elementos da então União dos Povos de Angola (UPA) atacaram fazendas de colonos e alvos das autoridades coloniais no norte do país.
O dia 15 de Março de 1961 é uma data que para alguns sectores em Angola marca o início da luta armada contra o colonialismo português e não o 4 de Fevereiro do mesmo ano como defende o MPLA, no poder. Naquele dia, elementos da então União dos Povos de Angola (UPA) atacaram fazendas de colonos e alvos das autoridades coloniais no norte do país.
A UPA veio mais tarde a dar origem à Frente de Libertação Nacional de Angola (FNLA), que reivindica o dia como o da verdadeira data do inicio da luta armada. Governo angolano promete eleições livres e UNITA lamenta que maioria dos cidadãos ainda sofrem
Não se tem registo do número de pessoas mortas na ocasião, mas dados da ONU do final do mesmo ano apontam para 200 mil que estavam refugiadas no Congo Belga, uma expressão dos jornais em referência ao então norte de Angola em chamas.
O dia só recentemente foi elevado à categoria de data de celebração nacional sem direito a feriado, enquanto o 4 de Fevereiro, defendido pelo MPLA, tem
Ndonda Nzinga, porta voz da FNLA, diz que a história não se apaga. "O 15 de Março foi a verdadeira insurreição nacional que abrangeu grande parte do território nacional, até a própria capital Luanda foi sacudida, marcou o início de uma guerra ininterrupta que foi até os acordos de Alvor", sustenta Nzinga.
O sociólogo Carlinhos Zassala, antigo combatente da FNLA, considera que a data atemoriza muitos dirigentes de hoje. "Muitos políticos de hoje, tanto do MPLA como da UNITA, são o que são graças à UPA, daí o medo que têm desta data de 15 de Março, de a ressuscitarem, muitos hoje perdem o protagonismo que têm", garante Zassala.
O antigo deputado da CASA-CE Makuta Nkondo foi pioneiro da UPA e lembra que “a luta é sempre órfão, mas na vitória todos são pai e mãe”.
Do lado do partido no poder, Manuel Mendes de Carvalho Pacavira, mais conhecido por General Paca e ligado ao MPLA reconhece que “o 15 de Março é a continuidade das revoltas dos povos indígenas e autóctones de Angola à luz da doutrina da UPA, o próprio 4 de Fevereiro, eu já era vivo e constatei não tem nada a ver com MPLA foi sempre a UPA".
O reverendo Ntoni a Zinga, que serviu de mediador nas mais variadas tentativas de reconciliação da FNLA, diz lamentar que “até hoje 40 e tal anos depois da independência de Angola nunca se soube valorizar os que ainda estão vivos, deste verdadeiro levantamento popular, saídos das aldeias para atacar o colono nas grandes concentrações".
A UPA foi fundado em 1958, em Léopoldville, na altura capital do Congo Belga, por Holden Roberto.
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