Segundo um memorando preliminar ao qual o Club-K teve acesso, a secretária
Elizabeth Dinis Miguel de Ambrósio, que estava preparar a papelada para a
viagem da caravana presidencial as Ilhas Seychelles, pretendia enviar as cópias
para o responsável pelo voo presidencial, João Bernardo. No entanto, por
engano, ela colocou os documentos num grupo de WhatsApp chamado
"Pelinganda", que inclui os funcionários do Cerimonial do Presidente
da República.
Elizabeth Ambrósio, funcionária antiga do Cerimonial do Presidente da
República, responsável por organizar as deslocações presidenciais ao estrangeiro,
ascendeu à categoria de chefe do secretariado do Cerimonial em maio de 2020.
Sob a sua alçada estão um Oficial de Relações Públicas, José da Graça
Costa de Sousa, um Secretário de Direção, Edilásio Nascimento Alfredo Avelino,
e uma Consultora do Diretor de Gabinete, Zinália Alexandre Torres Canumbila
Fortes.
O vazamento dos documentos, incluindo lista e passaporte dos integrantes da
viagem presidencial, gerou indignação nas redes sociais, dada a quantidade de
pessoas que acompanham o Chefe de Estado, incluindo babás dos seus netos e
outros assistentes. Estima-se que esta viagem privada do PR para a passagem de
ano no exterior, estará a custar aos cofres do estado mais de 3 milhões de
dólares.
Segundo a legislação angolana, o vazamento de documentos pessoais, como
passaportes, pode resultar em pena de prisão de um a cinco anos, por constituir
crime de violação de segredo de justiça, previsto no artigo 268º do Código
Penal.
Histórico de vazamento de documentos
Em junho de 2022, o Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, teve os
seus documentos de viagem vazados nas redes sociais por um ex-funcionário da
Segurança de Estado, Carlos Raimundo Alberto. Na época, alegou-se que o
vazamento tivesse origem em um oficial de protocolo de Estado do aeroporto de
Luanda, que solicitou os documentos de Costa Júnior para verificar os vistos,
entregando-os novamente à porta do avião com destino ao Dubai. Suspeita-se que,
durante esse tempo, os documentos foram fotografados pelos funcionários do
protocolo e vazados nas redes sociais.
As autoridades angolanas ignoraram o assunto, e dias depois, o Serviço de Migração e Estrangeiros negou qualquer responsabilidade na publicação nas redes sociais do passaporte e talão de embarque do presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior.
Um responsável pelo protocolo da UNITA, Manuel Domingos da Fonseca, criticou o
vazamento, considerando-o uma grave violação dos princípios da conservação de
dados pessoais e dos direitos fundamentais consagrados na Constituição
angolana. A legislação angolana mencionada pelos representantes da UNITA destaca
que a divulgação não autorizada de dados pessoais constitui crime, punível com
prisão.
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