Pretendemos nesta conferência partilhar com os angolanos, o estado do Processo de Acusação e Destituição do Presidente da República e fazer um breve balanço sobre as principais contribuições do Grupo Parlamentar da UNITA para a consolidação do Estado de Direito Democrático, quer no domínio do controlo e da fiscalização, quer no domínio político e legislativo.
Ao longo do ano 2023, denunciámos de forma reiterada e
sistemática que, ao invés de consolidar o Estado de Direito Democrático
previsto na Constituição, o Senhor Presidente da República, com flagrante
desvio ou abuso das suas funções, promoveu e consolidou a partidarização das
instituições do Estado por uma oligarquia dirigida por ele próprio.
Identificámos e denunciámos mais de 170 violações à Lei da
Contratação Pública pelo Senhor Presidente da República, que persiste em
recorrer abusivamente ao procedimento de adjudicação directa de contratos
públicos para o benefício da oligarquia que dirige.
Registou-se também durante o ano um incremento assustador das
violações às normas de execução orçamental pelas unidades orçamentais dirigidas
e orientadas pelo Titular do Poder Executivo. Das 204 unidades orçamentais
existentes, 141 não prestaram contas, e mais grave sem responsabilização
política, financeira, civil, criminal ou disciplinar.
Em síntese, durante o ano de 2023 e, contrariamente ao
juramento que proferiu aquando da tomada de posse, o Senhor Presidente da
República construiu e consolidou um regime político assente na subversão da lei
e do Estado, na corrupção institucionalizada e num sistema de valores que
atenta contra a dignidade humana e contra a independência e a unidade da Nação
angolana.
Consequentemente, a Nação angolana rejeitou massivamente a
governação do Senhor Presidente da República, facto que se reflecte na mais
elevada reprovação já verificada em tempo de paz. O sentimento geral dos
cidadãos é que o Presidente da República em funções traiu o juramento que fez,
perdeu absolutamente a confiança dos eleitores e, por isso, deve ser destituído
do cargo.
Sendo a Assembleia Nacional o órgão constitucional da
República a quem incumbe destituir o Presidente da República das suas funções,
nos termos da Constituição, em Outubro último, nós, representantes legítimos do
Povo, apresentámos à Assembleia Nacional provas irrefutáveis para se apreciar
um Processo de Acusação e Destituição do Presidente da República.
O facto de os Deputados do Grupo Parlamentar do MPLA terem
preferido ser cúmplices dos crimes cometidos pelo Presidente, violando também o
juramento que fizeram de defender a Constituição, não significa que o processo
de destituição terminou. O processo não terminou.
O seu início foi apenas sabotado e adiado. Aproveitamos para
informar a opinião pública nacional e internacional que hoje, depois desta
conferência de imprensa, vai dar no
Tribunal Constitucional, o primeiro processo relacionado com a destituição. De
seguida vamos intentar o segundo processo para pôr em causa a votação ilegal da Assembleia Nacional feita a
14 de Outubro de 2023 e obrigar os Deputados do Grupo Parlamentar do MPLA a
cumprir a Constituição e debruçar-se sobre o processo. Não podem, nos termos da
Constituição, afirmar que não há matéria para destituir o Presidente, sem
primeiro analisar o processo onde esta matéria está exaustivamente apresentada
e provada.
O Grupo Parlamentar da UNITA, em nome dos Deputados
subscritores da Proposta de Iniciativa dos Processos de Acusação e Destituição
do Presidente da República, reafirma a sua determinação de cumprir cabalmente o
mandato do cidadão em defesa do Estado de Direito e Democrático.
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