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Sapos temperados à moda do chef(e) - Edy Lobo

Todos, ou quase todos, os pratos bem confecionados e “envenenados” com pompas e circunstâncias em quase todo o mundo são servidos por chefes. Não é só uma actividade culinária que exige o exercício de degustação onde o paladar é requisitado, antes, porém uma aula social que acontece longe dos meandros de uma cozinha, seja lá de que “restaurante” for.

Jargões populares trazem consigo lições para nos orientar nos palcos da famigerada vida, onde as bermas e as passadeiras, se não forem respeitados os seus parâmetros de actuação, podem provocar lesões graves. A vida não dá a todos permissões para cometer o mesmo erro duas vezes. Isto é um facto. Mas quando temos professores e responsáveis da educação que exercem a profissão por fome e não por gosto, podemos considerar a instituição educação refém de um sistema social conhecido, mas não admitido.

E a educação é a tal base que temos que vive a laquear e que se arrastarmos, o barulho provocado entre a mesma e a base que a sustenta, será de um incômodo ensurdecedor e doloroso.

Hoje, a internet, por meio de textos e sátiras inócuas, tem trazido para os seus usuários, a ousadia mascarada de coragem. Exigem que sejamos o exemplo que beira a perfeição para que, de modos a sobreviver num caos de relações difíceis entre as classes, não sejamos pisoteados. Não ser pisoteado também quando se tem bases académicas que laqueiam é quase que impossível. Somos quase que obrigados a se submeter aos caprichos dos chef(es), que de cozinhar para alimentar o próprio ego, como dizem os mais novos, “coçam”.

Os próprios chef(es) sabem quem são os seus clientes, aqueles que degustam e não questionam, aqueles que questionam antes de degustar e aqueles que degustam e lutam para que o arroto de satisfação alheia não o deixe desmotivado. Gosto desses. Possuem garganta estreita, pois não é qualquer sapo que passa goela a baixo. Adquiriram boa goela na academia e treinaram o bom papo para que não seja qualquer grão que vá alimentar a galinha humana. Frequentaram a academia com brio, porque estudar, dizem todos que estudaram de facto e confiam no seu potencial técnico, é dos exercícios mais difíceis de se realizar.

O lado que pode prejudicar este tipo de degustadores é o rancor do chef, que fede em frasco de perfume. E em seguida és adjectivado por revolucionário. É incrível como na nossa própria terra nos conseguiram convencer que reivindicar seus próprios direitos tornas-te num inimigo da paz e da estabilidade.

Será que vale a pena não engolir um bom sapo cozinhado com a intenção de provares e reprovares estomacalmente ao invés de mostrar que não comes sapos vindo de um chef que não tem rigor emocional, empatia profissional ou conhecimentos andragógicos e pedagógicos para lidar com a variadíssima classe de clientes que lhe cruzam a sua esfera?

Imagino o quanto deve ser difícil para os detentores de uma língua com uma extensão anormal, que vivem lambendo as botas de quem os remunera. Têm a minha admiração negativa pelo exercício adulador. Mas a ciência não se compadece com o massajar do ego dos seus fazedores. Como engolir um sapo na academia? Não estaríamos a preparar uma geração de pensadores com o estômago cheio de anfíbios malcozinhados? Será que tudo passa por matar a fome?

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