A empresa Somagec, através da sua subsidiária Meridia Energy, anunciou a
entrada em fase final de estruturação de dois dos mais ambiciosos projectos de
interligação eléctrica da África Austral: as linhas de transmissão
Soyo-Inga-Cabinda e Laúca-Kolwezi, que vão reforçar a integração energética
entre Angola e a República Democrática do Congo (RDC).
Com início das obras previsto para 2026, os projectos contam com investimento integralmente privado, sem recurso à dívida pública, sendo considerados estratégicos para o desenvolvimento económico regional e a consolidação de Angola como fornecedor regional de energia eléctrica.
Acordos e Aprovações Governamentais
O desenvolvimento dos dois projectos foi formalizado em Janeiro de 2025, com a assinatura de um Memorando de Entendimento com a Rede Nacional de Transporte de Electricidade (RNT), numa cerimónia realizada no Hotel Epic Sana, em Luanda. O processo conta com o apoio institucional do Ministério da Energia e Águas, o aval do Governo da RDC, e aprovação irrevogável do ECOFIN e do Conselho de Ministros da RDC
Soyo–Inga–Cabinda: energia de Angola via RDC
O primeiro projecto prevê a construção de uma linha de alta tensão que interligará Soyo à província de Cabinda, passando por Matadi, na RDC. A infra-estrutura permitirá pela primeira vez que Cabinda seja abastecida directamente através da rede nacional de energia de Angola, pondo fim à sua histórica dependência de fontes externas e instáveis. A linha também reforçará as exportações energéticas angolanas para a RDC, num modelo de integração regional e cooperação energética.
Laúca–Saurimo–Kolwezi: electrificação regional e impulso ao Corredor do Lobito
O segundo projecto terá mais de 1.200 quilómetros de extensão e ligará a
central hidroeléctrica de Laúca ao centro mineiro de Kolwezi, passando pelas
cidades de Saurimo e Luau. Esta linha visa alimentar o coração industrial da
RDC com energia limpa e fiável, ao mesmo tempo que assegura a electrificação
estrutural do leste de Angola.
Com a chegada da rede à província da Lunda Sul, espera-se um aumento significativo do investimento privado em infra-estruturas, promovendo desenvolvimento económico local sem recurso a financiamento público ou dívida soberana.
Financiamento garantido e impacto macroeconómico
Segundo a Somagec, os estudos técnicos e financeiros estão concluídos, e o
financiamento já está assegurado, com a participação de investidores
institucionais europeus, americanos e africanos. A empresa destaca-se como uma
das poucas entidades privadas em África a liderar projectos de transmissão
energética transnacionais com financiamento 100% privado.
Estes projectos terão impacto directo na balança de pagamentos de Angola,
estabilidade fiscal do sector eléctrico, criação de empregos, aumento do PIB
dos dois países e na formação de novas zonas económicas sustentadas por energia
fiável.
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