O Estado angolano realizou, nesta sexta-feira, um acto solene em comemoração aos 50 anos da IndependĂȘncia de Angola, onde vĂĄrias figuras nacionais foram condecoradas pelo seu contributo histĂłrico e social ao paĂs.
O destaque da cerimónia foi a homenagem póstuma ao nacionalista e empresårio Carlos de Oliveira Madaleno, falecido em 2022, aos 80 anos de idade. Reconhecido pela sua participação na luta de libertação e pelo impacto no sector empresarial, Madaleno fundou o conhecido *Grupo Maravilha*, com presença marcante nos sectores da construção civil, segurança e restauração.
A condecoração foi entregue pelo Presidente da RepĂșblica, JoĂŁo Lourenço, ao seu filho primogĂ©nito Ălvaro Madaleno Sobrinho, em nome da viĂșva Generosa Madaleno. O gesto simboliza o reconhecimento do Estado pelo papel fundamental de Madaleno na construção econĂłmica e cultural da Angola moderna.
Entretanto, a cerimĂłnia ficou tambĂ©m marcada por um gesto inesperado do cartoonista SĂ©rgio Piçarra, que recusou a sua condecoração por motivos de consciĂȘncia. Numa nota pĂșblica divulgada no mesmo dia, Piçarra afirmou que aceitar a medalha seria incoerente, tendo em conta que o seu trabalho continua a ser censurado pelos ĂłrgĂŁos pĂșblicos de comunicação social.
“Seria uma incoerĂȘncia da minha parte que o Mankiko e a Fatita, mas sobretudo a Esperança e o Futuro, nĂŁo me perdoariam”, escreveu o artista.
Este acto de resistĂȘncia gerou amplo debate nas redes sociais, onde muitos angolanos expressaram solidariedade e apreço pela coragem de Piçarra.
A celebração dos 50 anos da independĂȘncia nacional reflete assim nĂŁo apenas
o reconhecimento de legados, como o de Carlos Madaleno, mas também os desafios
ainda presentes na consolidação plena da liberdade de expressĂŁo no paĂs.
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