Ah, Angola... esse paraĂso tropical onde o verbo comemorar Ă© elevado Ă categoria de ciĂȘncia polĂtica, estratĂ©gia diplomĂĄtica e expressĂŁo mĂĄxima de soberania nacional. E que melhor maneira de festejar os 50 anos de independĂȘncia do que com um amigĂĄvel duelo de gigantes entre Angola e a campeonĂssima Argentina? Sim, senhores, que Lionel Messi se prepare para sentir o calor do EstĂĄdio 11 de Novembro e, quem sabe, um toque de funge na alma.
Porque cĂĄ em Angola, nĂŁo se comemora com simplicidade — isso Ă© para paĂses
sem petrĂłleo, sem diamantes e sem estilo. Aqui, Ă© com pompa, circunstĂąncia e,
claro, um orçamento que faz corar qualquer festinha de bairro. Afinal, somos o
povo que transforma qualquer reunião de terça-feira num casamento real. Que
hipocrisia seria criticar o Executivo por organizar um jogo internacional
quando, sejamos honestos, até nas festas de baptizado se contrata DJ com drone,
banda ao vivo e, se possĂvel, atĂ© helicĂłptero.
Sim, hĂĄ crĂticos. Aqueles chatos de sempre que perguntam “e a saĂșde?”, “e a
educação?”, “e os hospitais sem luvas?”. Ora, deixem disso! Que parte de
comemoração não entenderam? Vamos parar de fingir que somos um povo comedido e
escandinavo. Angolano bom é angolano que gosta de festa, que dança, que grita
“Eh Viva Angola!” com cerveja numa mĂŁo e selfie na outra. E que sabe, com
orgulho, esbanjar sem culpa — porque, sejamos francos, o esbanjar Ă© um dos
poucos sectores em que somos campeÔes mundiais sem precisar de VAR.
Portanto, a todos os crĂticos de plantĂŁo: relaxem, ponham o traje de gala,
limpem a lente do telemĂłvel e preparem-se para mais um espectĂĄculo Ă angolana.
O Executivo apenas fez o que qualquer cidadĂŁo faz nas suas festas privadas — sĂł
que com Messi e televisĂŁo internacional. E isso, meus caros, Ă© o verdadeiro
espĂrito da comemoração made in Angola.
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