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PRA-JA e a Ilusão Democrática: Monarquias Disfarçadas de Partidos Políticos em Angola - Denilson Duro

 Em Angola, os partidos políticos são verdadeiras monarquias disfarçadas de democracias, onde o “chefe” manda, desmanda e depois convida os súbditos a fingirem que podem decidir alguma coisa. O enredo é sempre o mesmo: convocam congressos, anunciam eleições internas e fazem discursos inflamados sobre pluralismo e liberdade. O espectáculo começa com a declaração solene de que “todos podem concorrer”, mas o desfecho já está escrito – o trono nunca fica vago e, se fica, o herdeiro já foi escolhido nos bastidores.

O caso do PRA-JA não é diferente. Abel Chivukuvuku, na sua magnanimidade, garante que o congresso será democrático e que qualquer um pode candidatar-se. Claro! Desde que esse “qualquer um” não atrapalhe os planos do monarca ou se atreva a desafiar a ordem natural das coisas. Em Angola, a democracia dentro dos partidos políticos é tão real quanto um elefante voador. Existe para quem acredita em contos de fadas, mas, na prática, é um espectáculo bem ensaiado para entreter o público.


A jogada é sempre a mesma: primeiro, convocam um congresso “histórico”. Depois, vendem a ideia de que há liberdade para concorrer. Seguem-se as candidaturas “espontâneas” – geralmente, do líder e de uns quantos figurantes para dar um ar de diversidade. No final, a votação ocorre sob olhares atentos e, surpresa das surpresas, o chefe vence por esmagadora maioria. Aclamado! O povo aplaude, a imprensa escreve que a democracia interna funcionou e tudo volta ao normal.

O mais engraçado é que todos os partidos seguem essa cartilha. Do poder à oposição, todos têm em comum a vocação monárquica. São organizações lideradas por figuras messiânicas, que se eternizam no cargo ou escolhem um delfim leal para manter a linhagem. O nome do partido pode até mudar, as promessas podem ser recicladas, mas a lógica permanece inalterada.

No fundo, o eleitorado já aprendeu a lição: a democracia interna dos partidos políticos em Angola é como um carnaval sem fim. Um desfile colorido, cheio de máscaras, mas no qual a única coisa que não muda é o rei da festa.

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