O Presidente de Angola, que desempenhava o papel de mediador da União Africana (UA) no conflito em curso no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), propôs este domingo o homólogo do Togo como seu sucessor.
João Lourenço, na presidência rotativa da UA, convocou hoje a primeira
reunião da mesa da assembleia com o intuito de ser designado um novo mediador
para o conflito entre a RDCongo e o Ruanda.
Segundo um comunicado da UA, o Presidente angolano informou, na reunião, realizada virtualmente, que as abordagens preliminares ao Presidente do Togo, Faure Gnassingbé, "tinham obtido uma resposta positiva".
Contudo, os chefes de Estado e Governo dos 55 Estados-membros da UA terão
de dar ainda o seu aval.
Angola anunciou em 24 de março que renunciava ao seu papel de mediador,
dois meses depois de assumir a presidência rotativa da UA.
O conflito no leste da RDCongo adensou-se no final de janeiro quando o
grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) capturou Goma, capital de Kivu do
Norte, e Bukavu, capital de Kivu do Sul, ambas na fronteira com o Ruanda e
ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria
tecnológica e de fabrico de telemóveis.
A actividade armada do M23, grupo constituído maioritariamente por tutsis
(grupo étnico) que sofreram o genocídio do Ruanda em 1994, foi retomada em Kivu
do Norte em novembro de 2021 com ataques-relâmpago contra o Exército congolês.
Em janeiro passado, os confrontos que eclodiram em Goma e nas zonas
vizinhas causaram mais de 8.500 mortos, segundo o ministro da Saúde Pública
congolês, Samuel Roger Kamba.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, cerca de 1,2
milhões de pessoas tiveram de abandonar as províncias de Kivu do Norte e Kivu
do Sul desde o aumento da ofensiva do grupo M23, que, segundo a ONU, é apoiado
pelo Ruanda.
Os esforços de mediação desenvolvidos por Angola foram sistematicamente
gorados, tendo João Lourenço anunciado renunciar a esta tarefa, para a qual
havia sido incumbido pela UA antes de assumir a liderança rotativa da
organização, depois de os Presidentes da RDCongo, Felix Tshisekedi, e do
Ruanda, Paul Kagame, se terem reunido no Qatar, no mesmo dia em que se deveria
ter realizado em Luanda um encontro entre delegações do Governo
democrático-congolês e do M23.
Este primeiro contacto direto entre as partes acabou por acontecer esta
semana no Qatar.
João Lourenço já havia manifestado vontade de passar o papel de mediador do
conflito no leste da RDCongo, quando assumiu a presidência rotativa da UA
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