A Rádio Comercial Despertar, criada a 26 de Dezembro de 2006 no âmbito do protocolo de paz entre o Governo angolano e a UNITA, voltou a ser alvo de críticas, desta feita atribuídas ao Gabinete de Estudos e Análises Estratégicas, estrutura afecta à Casa Militar do Presidente da República, sob liderança de Norberto Garcia.
Na passada segunda-feira, 7 de Abril, um funcionário identificado como
Manuel José Pedro Nunes, afecto à área de comunicação e imagem do referido
gabinete, proferiu duras críticas à emissora e aos seus jornalistas durante uma
intervenção no programa interactivo “Parlamento Público”. O debate centrou-se
no impacto da manifestação com panelas e tampas, convocada pelo activista
conhecido como Gangsta 77.
Durante a sua intervenção, Manuel Nunes acusou a Rádio Despertar de praticar “mau jornalismo” e afirmou que a estação transmite conteúdos que atentam contra o Governo, defendendo que o país “segue no rumo certo sob comando do MPLA”. Nunes desvalorizou ainda os cidadãos que aderiram à manifestação, classificando-os como alinhados com “agendas obscuras que visam desestabilizar o país”.
Fontes próximas da estação indicam que o Gabinete de Estudos e Análises Estratégicas terá orientado os seus funcionários a intervir nos programas de maior audiência da Rádio Despertar, com o objectivo de contrariar as opiniões críticas ao Executivo e ao Presidente da República, João Lourenço.
Manuel Nunes, que anteriormente exerceu funções como primeiro secretário comunal do MPLA no Calumbo, actualmente parte do município de Icolo e Bengo, é apontado por fontes locais como tendo protagonizado episódios de intolerância política. Durante o período pré-eleitoral de 2022, terá instruído jovens a inviabilizar actividades da oposição, sendo inclusive citado em alegações de envolvimento na vandalização de uma sede comunal da UNITA.
O ex-dirigente é ainda alvo de acusações relativas ao paradeiro desconhecido de uma viatura Toyota Land Cruiser — atribuída pelo partido para apoio às actividades eleitorais — cujo desaparecimento terá ocorrido em meados de 2024.
Até ao momento, nem o Gabinete de Estudos e Análises Estratégicas nem a
Casa Militar se pronunciaram oficialmente sobre o caso.
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