Angola, um país abençoado com riquezas que poderiam erguer uma nação próspera, afunda-se num pântano de corrupção que consome não apenas os seus recursos, mas também a esperança do seu povo. Acordos obscuros e compras indiretas escondem a verdadeira extensão do saque aos fundos de investimento, como os destinados ao Corredor do Lobito – um projeto que poderia ser a ponte para o progresso, mas que ameaça desmoronar sob o peso da ganância. Diante disso, paira uma questão que corta como faca: por que alguém investiria em Angola, sabendo que a corrupção, como um abutre insaciável, devorará tudo, deixando apenas migalhas e desilusão?
1. A Corrupção que Sufoca o Amanhã
A corrupção em Angola não é apenas um problema – é uma tragédia silenciosa que
rouba o futuro. Todos falam dela: dos cidadãos comuns aos altos dirigentes. O
Corredor do Lobito, concebido para ligar Angola aos seus vizinhos e abrir
portas ao comércio regional, tornou-se um símbolo amargo dessa realidade. O que
deveria ser um marco de desenvolvimento é hoje um campo minado de interesses
escusos. A Ministra das Finanças, Vera Daves, promete lutar contra o flagelo,
mas as palavras soam ocas quando os resultados não aparecem. Há quem sugira
instrumentos regionais para conter a corrupção, mas será isso suficiente num
país onde o sistema parece desenhado para proteger os corruptos? O Índice de
Percepção da Corrupção de 2024 dá a Angola uma nota miserável de 32 em 100 – um
número que não reflete apenas estatísticas, mas vidas condenadas à miséria
enquanto uma elite se banqueteia com o que resta.
2. O Grito
das Ruas e o Silêncio dos Poderosos
Nas redes sociais, o desespero transborda. Deputadas como Ariane Lusadisu Nhani
e Anabela Sapalalo ergueram suas vozes no Facebook, denunciando a podridão que
corroí o país. “Chega de ver Angola sangrar nas mãos de quem só pensa em si”,
escreveu uma delas, ecoando o clamor de milhares de cidadãos que comentam,
partilham e suplicam por mudança. Mas o que recebem em troca? Silêncio
ensurdecedor ou promessas vazias. Esses angolanos não estão apenas zangados –
estão exaustos. Exaustos de ver estradas que nunca se constroem, escolas que
permanecem em ruínas e hospitais sem remédios, enquanto os corruptos exibem
carros de luxo e mansões compradas com o dinheiro que deveria ser de todos.
3. A
Oposição e o Retrato de um País à Beira do Colapso
As palavras das deputadas acenderam uma faísca que chegou ao líder da UNITA,
Adalberto Costa Júnior. No palco dos 12.ºs Dias Parlamentares do "Galo
Negro" em Cabinda, ele não mediu palavras: “As adjudicações sem concurso
público são o novo rosto da corrupção, criando milionários da noite para o dia
enquanto o povo definha.” O Corredor do Lobito, mais uma vez, foi citado como
vítima desse esquema – um projeto que poderia mudar vidas, mas que se afoga num
mar de desvios e monopólios. A imagem é devastadora: um país rico em petróleo,
diamantes e promessas, reduzido a um palco onde os poderosos dançam sobre os
escombros dos sonhos colectivos.
Conclusão:
Investir em Angola é Alimentar o Monstro?
E então, o que resta? Por que alguém, em sã consciência, despejaria dinheiro em
Angola, sabendo que a corrupção é um monstro faminto que engole tudo sem deixar
vestígios? O Corredor do Lobito, com todo o seu potencial, parece destinado a
ser mais um cadáver no cemitério de projetos abortados pela ganância. Cada
kwanza investido é um risco de alimentar os bolsos de uma elite sem escrúpulos,
enquanto o povo assiste, impotente, ao desmoronar de mais uma esperança. Pensar
nisso é mais do que desanimador – é abalador. É olhar para um país que poderia
ser grande e ver apenas um vazio onde o futuro foi roubado. Investir em Angola
hoje não é apenas arriscado; é quase um acto de cumplicidade com o colapso de
uma nação.
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