A Venezuela expressou apoio às autoridades de Angola depois de o país africano ter sido acusado de negar ou dificultar a entrada a vários líderes políticos para uma conferência internacional, incluindo o ex-presidente da Colômbia Andrés Pastrana.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yván Gil, relatou no
sábado, na plataforma de mensagens Telegram, uma conversa telefónica com o homólogo
angolano, Tete António, a quem manifestou "a solidariedade (...) do
Presidente Nicolás Maduro com o Presidente João Lourenço e com este povo
irmão".
Gil declarou que Angola tem sido alvo de "ataques da ultra direita
internacional", e, "em particular, de criminosos conhecidos na
Venezuela e na América Latina", entre os quais mencionou Pastrana.
A Plataforma dos Democratas Africanos (PAD), que integra a Fundação
Brenthurst, organizadora de uma conferência internacional sobre democracia, que
decorreu em Benguela, condenou as ações do Governo angolano e requereu um
pedido de desculpas do Presidente aos políticos retidos e deportados.
Num comunicado divulgado no 'site' da Brenthurst Foundation, a PAD sublinha
que a sua terceira reunião decorreu em Benguela na sexta-feira, "apesar de
todos os esforços do regime angolano" para impedir a sua realização,
apontando "uma campanha sistemática e cínica para atacar e minar o
progresso no sentido da democracia e da responsabilização em África por parte
de um regime que se apresenta como uma democracia".
A PAD, que se apresenta como um "consórcio internacional de
democratas", incluindo a Fundação Brenthurst -- entidade que coorganizou o
evento com a UNITA, maior partido da oposição angolana -, recorda que Angola
foi escolhida por presidir atualmente à União Africana.
O evento em Benguela, intitulado "O Futuro da Democracia em
África", visava debater formas de promover "uma maior abertura e
responsabilidade democrática face ao crescente autoritarismo", tendo sido
convidados vários ex-chefes de Estado e dignitários, membros do governo e
líderes da sociedade civil e dos partidos da oposição.
Entre os que se deslocaram a Angola contam-se Ian Khama, antigo Presidente
do Botswana, Moeketsi Majoro, antigo primeiro-ministro do Lesoto, Andrés
Pastrana, antigo Presidente da Colômbia, e Othman Shariff, primeiro
vice-presidente de Zanzibar, bem como o político moçambicano Venâncio Mondlane.
No comunicado, assinado pelos convidados e participantes da reunião de
Benguela, a PAD destaca que o regime responde à reunião recusando vistos
"por razões técnicas" a vários delegados, incluindo os do Uganda (um
dos convidados seria o líder da oposição Bobi Wine).
Outros 12 que tinham vistos ou eram elegíveis para vistos à chegada foram
retidos no aeroporto e deportados antes de serem autorizados a entrar,
incluindo convidados do Quénia, Etiópia, Uganda, Tanzânia, Moçambique e Sudão
do Sul.
Segundo a PAD, outro grupo, que incluía Khama, Majoro, Pastrana, Othman e
24 outras pessoas, foi detido no aeroporto durante nove horas sem qualquer
explicação, tendo os seus passaportes sido devolvidos quando já era demasiado
tarde para apanharem o voo previsto para Benguela.
"O Governo alegou que iria compensar estas ações fornecendo transporte
para levar os delegados a Benguela no dia seguinte. No entanto, várias viaturas
'avariaram' no caminho para o aeroporto, foram dados vários destinos diferentes
e, finalmente, não foi disponibilizado qualquer avião", refere a PAD na
mesma nota.
Até ao momento, o Governo angolano não prestou quaisquer esclarecimentos
sobre o incidente.
Para a PAD, estas ações "apontam para uma campanha sistemática e
cínica para atacar e minar o progresso no sentido da democracia e da
responsabilização em África por parte de um regime que se apresenta como uma
democracia", já que em nenhum momento foram dadas explicações sobre a
detenção ou deportação dos participantes na conferência.
"A verdadeira natureza do regime angolano foi exposta", salienta
a PAD, considerando que o regime quis "humilhar e embaraçar antigos chefes
de governo africanos e aqueles que desejam discutir a democracia".
Por isso, a plataforma apela "ao Presidente Lourenço para que
apresente um pedido público de desculpas aos chefes de Estado detidos, aos dele
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