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Mondlane diz que é preciso "processar Estado angolano"

 Após ter sido, esta quinta-feira (13.03), impedido de entrar em Angola, o ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane sugeriu, esta sexta-feira, que seja instaurado um processo contra o país governado por João Lourenço.

Dirigindo-se especificamente "à UNITA, à delegação que lá esteve e às organizações alternativas da SADC e da União Africana", Mondlane lançou o repto: "Deve-se processar o Estado angolano. Não podemos deixar que este tipo de atos continue a perpetuar-se no nosso continente, é uma vergonha", afirmou.

Venâncio Mondlane e outros convidados - incluindo o ex-Presidente do Botsuana Ian Khama e o ex-Presidente da Colômbia Andrés Pastrana – ficaram retidos, algumas horas, esta quinta-feira, no aeroporto 04 de Fevereiro, em Luanda, quando se preparavam para participar numa conferência internacional sobre o futuro da democracia em África, promovida pela Brenthurst Foundation.

A oposição angolana precisa de um Mondlane?

Num direto, esta sexta-feira (14.03), na sua página do Facebook, Venâncio Mondlane repudiou o comportamento das autoridades angolanas, não poupando nas críticas ao Presidente João Lourenço: "Isto não pode continuar desta forma. Pior ainda, quando o Presidente João Lourenço está a assumir o cargo de presidente da União Africana".

"Como é que ele vai manter a união dentro da União Africana se ele próprio está a promover a desunião e a desagregação?", questionou o político, frisando que "se você não consegue estabilizar a sua casa, não tem capacidade de estabilizar a casa do outro", frisa Mondlane.

"É por isso que, na mediação do conflito entre o Ruanda, a República Democrática do Congoe o M23, o próprio Presidente João Lourenço não conseguiu ser bem-sucedido. Agora que o M23 está a ganhar terreno, é que decidiu que quer falar com eles", criticou, na mesma ocasião, Venâncio Mondlane.

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O político moçambicano sugere ainda "oficializar o 13 de março como o Dia da Vergonha de Angola".

"Eu convoco os jornalistas, os ativistas angolanos, para que oficialmente decretem o 13 de março como Dia da Vergonha Pública em Angola para que os nossos filhos e netos saibam quem são os que envergonharam a imagem de Angola pelo mundo. (…) É muito importante, isto tem que ser recordado", afirmou Mondlane.

O político moçambicano responsabiliza o Ministério do Interior de Luanda pelo sucedido e diz que ninguém o notificou nem justificou a decisão.

"Nós, africanos, da SADC, da CPLP, dos PALOP, até hoje não temos justificação. Mas sabemos que havia uma senhora americana na delegação que teve a sorte de falar com a sua embaixada em Angola, que falou com o Governo de Angola, que lhe deu uma justificação (…) Justificou aos americanos, mas não justificou aos africanos", frisou Venâncio Mondlane.

Para o opositor do Governo de Daniel Chapo, "provou-se que Angola, de facto, está sob um regime ditatorial e a ser gerida de forma partidocrata. Portanto, o partido MPLA e os estatutos do seu partido sobrepõe-se à Constituição.

UNITA lamenta "figura" de Angola

Também em reação, o líder da UNITAafirmou que Angola "fez a pior figura" ao impedir a entrada de participantes estrangeiros numa conferência internacional sobre democracia, salientando que o Presidente angolano tem "maus conselheiros".

Em declarações à imprensa sobre o ocorrido, Adalberto Costa Júnior disse, esta sexta-feira, disse que a conferência em questão tem como primeiro tema a "batalha entre a democracia e a autocracia" e considerou que o sucedido foi uma forma de o Governo angolano oferecer, "de forma gratuita, uma publicidade para todo o mundo daquilo que é a (...) realidade" angolana.

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