Realizou-se esta terça-feira, 28 de fevereiro, na cidade do Cairo, uma cimeira extraordinária da Liga Árabe, centrada na reconstrução da Faixa de Gaza, devastada pelo recente conflito. O evento contou com a presença dos Estados membros da Liga Árabe, assim como representantes de outras organizações internacionais, como a União Africana, a União Europeia e as Nações Unidas.
O Presidente da União Africana, João Lourenço, foi um dos principais
oradores da cimeira e discursou perante líderes do Médio Oriente e de outras
partes do mundo. Lourenço destacou a importância da reconstrução de Gaza e as
graves consequências do conflito, que causaram destruição massiva e
deslocamento de cerca de 2,5 milhões de palestinianos.
No seu discurso, João Lourenço sublinhou o apoio incondicional de África à
causa palestiniana e a importância de uma solução política baseada na
coexistência de dois Estados, conforme os princípios do Direito Internacional e
as resoluções da ONU. O Presidente angolano também condenou a escalada do
conflito desde os ataques do Hamas em outubro de 2023, destacando os níveis de
destruição e a catástrofe humanitária em Gaza. “O que se vive na Faixa de Gaza
não é apenas um conflito, é um genocídio em andamento que exige uma resposta
coordenada e urgente da comunidade internacional”, afirmou.
A cimeira também serviu para discutir um plano de reconstrução para Gaza,
orçado em mais de 50 mil milhões de dólares, com um tempo estimado de execução
de três anos. Este plano visa não só a recuperação das infraestruturas
destruídas, mas também o apoio às populações deslocadas e a criação de
condições para o regresso seguro e sustentado dos refugiados palestinianos. A
reconstrução de Gaza será, portanto, uma tarefa complexa que exigirá o
envolvimento de múltiplos actores internacionais e uma gestão eficaz dos
recursos.
O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, e líderes de países
árabes também expressaram a necessidade urgente de se restabelecer a paz na
região. Durante a cimeira, houve consenso entre os participantes sobre a importância
de apoiar os esforços diplomáticos e as iniciativas de mediação que visem uma
solução política duradoura para o conflito. A visão de um futuro de
coexistência pacífica entre Israel e a Palestina foi um ponto comum nas
declarações de vários líderes presentes.
Lourenço saudou o recente acordo de cessar-fogo alcançado entre Israel e o
Hamas, destacando o papel da diplomacia, especialmente dos países como o Egito
e o Qatar, em colaboração com os Estados Unidos. Apelou ainda a Israel para que
permita a abertura de corredores humanitários e o regresso dos palestinianos
deslocados. O Presidente da União Africana sublinhou que a paz na região
depende não apenas do cessar-fogo, mas também da implementação de medidas
concretas para garantir a justiça e os direitos do povo palestiniano, incluindo
a solução de dois Estados com Jerusalém Oriental como capital da Palestina.
Além disso, João Lourenço abordou o impacto do conflito não só na
Palestina, mas em toda a região do Médio Oriente. A instabilidade gerada pela
escalada do conflito tem repercussões em vários países vizinhos, e a União
Africana, enquanto organização continental, comprometeu-se a trabalhar de forma
conjunta com a Liga Árabe e outras organizações internacionais para apoiar a
estabilidade regional. “O nosso empenho é garantir uma paz duradoura, que
beneficie não só a Palestina, mas toda a região, criando as condições
necessárias para o desenvolvimento e a prosperidade de todos os povos
envolvidos”, afirmou o Presidente da União Africana.
A cimeira do Cairo foi uma oportunidade para reafirmar o compromisso da
União Africana e da Liga Árabe com a causa palestiniana, defendendo uma solução
justa e duradoura para o conflito que opõe Israel e o Hamas. Foi também um
momento para evidenciar a necessidade de uma cooperação internacional mais
estreita e coordenada, com foco na reconstrução de Gaza e no apoio aos
palestinianos.
A reunião, que foi considerada um passo importante na busca por uma paz
sustentável, concluiu com um apelo à comunidade internacional para consolidar
os esforços de mediação e garantir a reconstrução de Gaza e o regresso dos
palestinianos aos seus lares. O apoio contínuo à Autoridade Palestiniana foi
também reiterado, destacando a importância de uma solução política que respeite
os direitos e a autodeterminação do povo palestiniano.
Em última análise, a cimeira no Cairo foi um ponto de partida para um novo
capítulo nas negociações de paz e na reconstrução da Faixa de Gaza, com um
compromisso renovado dos países da Liga Árabe, da União Africana e de outras
organizações internacionais em alcançar uma paz duradoura, justa e estável na
região.
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