Um episódio de xenofobia e tribalismo envolvendo a Clínica Sagrada Esperança do Soyo foi recentemente denunciado por um ex-funcionário da instituição. O caso ocorreu no início de novembro de 2019, quando um utente de Cabinda, identificado como Futi, se dirigiu à clínica para realizar exames após apresentar sintomas de febre, tosse e gripe.
Futi, funcionário sênior da AGT de Cabinda e portador de um seguro de saúde
da ENSA, foi atendido na clínica e encaminhado para a realização de exames
laboratoriais. Após a coleta de sangue, foi agendada uma consulta de seguimento
para a semana seguinte. No entanto, ao comparecer na data marcada, o paciente
se deparou com uma surpresa: os exames não haviam sido realizados.
De acordo com a versão apresentada pelo paciente e confirmada pelo médico que o acompanhava, ao se dirigirem ao laboratório para investigar a situação, foi revelado que o técnico responsável pela coleta de exames havia se recusado a realizar os testes, alegando que Futi era natural de Cabinda e portador de Bilhete de Identidade (BI) da província. O motivo para a recusa teria sido o fato de o paciente ser de Cabinda, o que levantou suspeitas de discriminação e xenofobia.
Curiosamente, o incidente ocorreu no mesmo dia em que a Clínica Sagrada
Esperança estava sendo homenageada pelo Governo da Província do Zaire, pelos
serviços prestados à população local. A diretora da clínica, que se encontrava
em Mbanza Kongo na data, não foi informada do ocorrido no momento.
Decepcionado e extremamente abalado, Futi retirou-se da clínica,
sentindo-se vítima de um ato de xenofobia. Uma semana depois, foi convocado
pela direção da clínica para responder por escrito à reclamação apresentada. No
entanto, o paciente recusou os pedidos de desculpas e afirmou que não se
sentiria mais seguro em buscar atendimento na instituição, classificando-a como
incapaz de oferecer segurança, idoneidade e prestígio.
Sem uma resposta oficial da clínica, do INAC ou da CSE Luanda, Futi teve
que recorrer a outras unidades de saúde e, eventualmente, viajou de volta para
Cabinda para continuar o tratamento. O caso gerou indignação entre as
comunidades locais e chamou atenção para as questões de discriminação e
xenofobia em instituições de saúde.
O episódio levanta questões sobre o atendimento a pacientes de diferentes
origens e destaca a necessidade de medidas rigorosas contra práticas discriminatórias
nas instituições públicas e privadas do país.
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