O Governo Sombra da UNITA manifestou, recentemente, grande preocupação com a evolução do surto de cólera no país, que, desde a confirmação do primeiro caso em 7 de janeiro, já resultou em 15 óbitos e cerca de 170 casos suspeitos. A doença, que afeta principalmente as províncias de Luanda, Icolo e Bengo, levanta críticas sobre a gestão da saúde pública em Angola, particularmente em relação à falta de infraestrutura e saneamento básico adequados.
Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o surto de
cólera tem se espalhado rapidamente, com 30 casos confirmados até o momento. As
autoridades de saúde apontam o rápido progresso da doença como indicativo da
fragilidade do sistema de saúde e da infraestrutura nas áreas afetadas.
Críticas à Gestão da Saúde e Regressão nos ODS
O Governo Sombra da UNITA lamentou profundamente que, apesar de Angola ter
se comprometido com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda
2030, a cólera ainda seja uma realidade no país. A doença é amplamente
associada ao mau saneamento e à extrema pobreza, refletindo uma regressão
significativa nas condições de vida da população. "Este surto de cólera é
um sinal claro de que o país está indo na direção oposta aos compromissos
internacionais", afirma o comunicado.
A UNITA recorda que o último surto significativo de cólera no país ocorreu entre 2016 e 2017, afetando as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire, e resultando em 252 casos e 11 mortes. O partido considera esse retrocesso um reflexo da crescente desestruturação social e da precariedade nos serviços básicos essenciais.
O Governo Sombra da UNITA aponta a inversão das prioridades em saúde como a
principal causa dos surtos recorrentes de cólera. A organização critica o foco
excessivo em investimentos para a rede terciária de saúde em detrimento dos
cuidados primários e da infraestrutura básica. Além disso, destaca a crise no
fornecimento de água potável como um fator que agrava a propagação da doença,
mencionando que a escassez de água nas áreas afetadas já dura mais de três
meses.
O partido exige uma série de medidas urgentes para combater o surto e
melhorar as condições de saúde pública no país. Entre as ações propostas,
estão:
Reformulação urgente do plano de distribuição de água potável: A UNITA defende que a água, um recurso abundante em Angola, deve ser distribuída de maneira eficaz para todas as localidades, especialmente nas áreas mais vulneráveis.
Investimentos em saneamento básico: É necessária uma abordagem mais eficaz no saneamento, não apenas nos grandes centros urbanos, mas também nas zonas periféricas.
Fomento de campanhas de informação sobre a cólera: A UNITA defende que, ao aumentar o conhecimento sobre o tratamento adequado da água e medidas preventivas, será possível reduzir a disseminação da doença.
Combate à desnutrição: A falta de segurança alimentar é apontada como um fator que torna as populações mais vulneráveis à cólera. O partido sugere um fortalecimento das políticas de combate à desnutrição nas áreas mais afetadas.
O Governo Sombra da UNITA também enviou palavras de consolo às famílias que perderam entes queridos e expressou apoio à população que ainda vive em alto risco sanitário. O partido fez um apelo para que todos sigam rigorosamente as orientações das autoridades de saúde.
Em relação aos profissionais de saúde, o Governo Sombra da UNITA manifestou solidariedade e incentivo, reconhecendo os esforços incansáveis de médicos e enfermeiros para conter o surto, apesar dos desafios e riscos envolvidos.
Por fim, a UNITA reafirmou a necessidade urgente de um novo paradigma para
a gestão da saúde pública em Angola. O partido destaca que o país tem todos os
recursos necessários para erradicar a cólera, mas isso exige uma mudança
estrutural no sistema de saúde, focada na melhoria do saneamento, no
fornecimento de água potável e na segurança alimentar para todos os angolanos.
"A luta contra a cólera é uma luta por um novo futuro para Angola, com
melhores condições de vida para a população e respeito pelos direitos
fundamentais dos cidadãos", conclui o comunicado.
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